segunda-feira, 29 de agosto de 2022

A História da Igreja Que Desafiou o Império do Brasil


A História da Igreja Que Desafiou o Império do Brasil. Igreja da Comunidade Evangélica de Confissão Luterana da Cidade de Santa Maria, no RS, localizada em frente à praça dos bombeiros. O templo, construído no ano de 1873, domina a paisagem e originou-se da antiga comunidade evangélica luterana da cidade. Os primeiros imigrantes alemães que chegaram a Santa Maria fixaram-se na cidade por volta do ano de 1829, e eram oriúndos do 28 Batalhão de Caçadores, formado por militares que haviam sido contratados pelo governo imperial do Brasil, no ano de 1824, para lutarem na Guerra Cisplatina, que ocorreu de 1825 a 1828, entre Brasil e Argentina, pela posse da Província de Cisplatina, atual território do Uruguai.

Esta comunidade surgiu no ano de 1866, quando foi fundada a Deutsche Evangelische Gemeinde, que atualmente constitui-se na Comunidade Evangélica de Confissão Luterana de Santa Maria, mantenedora do local. Teve como primeiros diretores: Presidente Wilhelm Fischer; Secretário: Carl Friedrich Theodor Poetke; Tesoureiro: Heinrich Druck; Assistentes: Heinrich Eggers, Phillip Jacob Schirmer, Abraham Cassel e Johann Heinrich Drustz, e como pastor o Reverendo Hugo Alexandre Klein. O templo foi construído por João Miguel Adamy, conhecido por ser um dos fundadores da Colônia alemâ de Pinhal, atual município de Itaara. A inauguração se deu em 14 de dezembro de 1873, sem a conclusão da torre que atualmente abriga os sinos da igreja.

Os sinos instalados na torre tem os seguintes nomes: “Ehre sei Gott in der Höhe”(Glória a Deus nas alturas), “Frieden auf Erden” (Paz na terra) e “Den Menschen ein Wohlgefallen”(Às pessoas a quem ele quer bem). Nos três sinos se encontra a seguinte inscrição: GEGOSSEN ANNO 1885 FÜR DIE EVANG. GEMEINDE ZU STA MARIA DA BOCCA DO MONTE BRASILIEN (Fundido no ano de 1885 para a Comunidade Evangélica de Santa Maria da Bocca do Monte, Brasil). No ano de 1885 a Comunidade Evangélica encomendou cinco sinos, que foram fundidos na Cidade de Bochum, na Alemanha, tendo chegado à cidade em agosto de 1886. Destes, três destinavam-se à Igreja de Santa Maria e os outros dois eram destinados à Igreja filial do Pinhal, hoje Município de Itaara. A torre foi concluída no ano de 1877 e os sinos instalados nela 10 anos depois, no ano de 1887.

Em maio de 1877 o chefe da polícia do RS ameaçou a comunidade com um processo por transgressão da lei. Mas por intervenção do vice-presidente do RS, encaminhou-se um requerimento à Câmara no Rio de Janeiro, reivindicando-se igualdade de direitos religiosos, que foi concedida 05 dias após, garantindo à comunidade a realização de cultos no templo. A construção da torre e a construção dos sinos infringiu o artigo 5 da Constituição do Império do Brasil, que dizia: "A religião católica apostólica romana continuará a ser a religião do Estado. Todas as demais religiões serão toleradas, em casas para tanto destinadas, sem qualquer forma exterior de templo”.

Em agosto do ano de 1942, durante a segunda guerra mundial, o templo e a casa paroquial foram alvos de movimentos anti-germânicos. O local foi invadido e destruídos todos os objetos e arquivos históricos do local. Pouco restou da construção original, salvo a torre, as paredes externas e alguns complementos. Somente no ano de 1945, mediante um plano de contribuições, voltou-se à restauração e reequipamento da Igreja, casa pastoral e demais dependências.

segunda-feira, 22 de agosto de 2022

O Casarão Abandonado da Cidade de Silveira Martins


Casarão abandonado onde funcionou um antigo estabelecimento comercial denominado de "Açougue do Povo", localizado no centro da Cidade de Silveira Martins, na região central do Estado do Rio Grande do Sul. O áudio em execução traz a voz do Sr. cujo sobrenome é Comoretto, um antigo funcionário do local que trabalhou por 32 anos no local. Por razões de ordem pessoal, apenas o áudio de sua voz será exibido neste vídeo.

O Sr. Comoretto traz um relato vivo da história do lugar e dos tempos de glória do estabelecimento comercial que era, á sua época, o único açougue da Cidade. Ao mesmo tempo, nos traz a nostalgia e a tristeza que se abateu e tomou conta do antigo casarão. Além de abastecer a Cidade de Silveira Martins, o açougue fornecia carnes nos principais supermercados da Cidade vizinha de Santa Maria, cidade hoje com quase 300.000 habitantes. Chegou-se a abater 450 cabeças de ovelhas num único dia, além do abate tradicional. conforme relato impressionante do Sr. Comoretto. Tudo isso num pequeno açougue numa cidade interiorana.

O Casarão foi construído por volta da década de 1950, e representa um estilo eclético de transição, com destaque para uma platibanda com elementos geométricos o a moldura nas esquadrias das janelas. A fachada ainda mantém-se intacta, mas a cobertura de telhas de cerâmica já começa a ruir completamente. Vitélio Zago, que empresta o seu nome à rua em frente ao Casarão, foi quem iniciou o comércio de Açougue no local, quando construiu um anexo ao lado da casa para o exercício da atividade, pelos ídos da década de 1960. Mais tarde, o negócio foi mantido por seu filho Nelson Zago e pelo neto, Valdomiro Zago.

O Casarão foi construído por Sílvio Trevisan, com a finalidade de servir como sua residência. Posteriormente foi alugado para a família Culau e, em sequência, abrigou o consultório de um dentista. Posteriormente foi adquirido pela família Zago, que detém a propriedade do imóvel até os dias da gravação deste vídeo. A Açougue do Povo funcionou no local até o final e início das décadas de 1990/2000, quando foi definitivamente fechado. Malvina Antonello Zago, esposa de Nelson Zago foi a última moradora do antigo casarão.

segunda-feira, 15 de agosto de 2022

O Antigo Moinho de Farinha da Cidade de Faxinal do Soturno


O Antigo Moinho de Farinha da Cidade de Faxinal do Soturno. Prédio do Antigo Moinho Zago, localizado no centro da cidade de Faxinal do Soturno, Estado do RS. Originalmente o prédio foi sede de uma Cooperativa, no início do Século XX, tendo sido adquirido pelo pai e pelo tio de Benjamin Santo Zago no ano de 1914. Benjamin Zago teria sido então o seu primeiro administrador.
O moinho passou a denominar-se de "Firma Zago e Irmão". No ano de 1947 foram adquiridos os equipamentos de funcionamento do moinho, muitos deles em uso até os dias de hoje. Desde o ano de 1966 o Moinho Zago tem a razão social de Benjamin Zago Indústria Moageira LTDA.

O complexo do moinho apresenta silos de armazenamento de grãos feitos de concreto. Estes silos são usados por indústrias principalmente pois nestas estruturas os grãos podem ficar armazenados por até quatro safras sem perder a qualidade. Isso acontece porque esse tipo de silo é hermético, ou seja, as paredes de concreto retêm o calor, proporcionando aos grãos uma conservação melhor. A referência ao SISTEMA BUHLER que aparece no topo da torre do Moinho Zago se referencia ao sistema tecnológico utilizado na implantação do negócio, desenvolvida pela empresa Suiça Bühler, fundada em 1860 na cidade de Uzwil, empresa esta que hoje representa uma holding que opera em mais de 140 países, com mais de 30 unidades de produção e 100 centros de serviços pelo mundo.
O Moinho Zago é uma das indústrias mais antigas da Cidade de Faxinal do Soturno, perpetuando-se no imaginário das sucessivas gerações da cidade que consomem os seus produtos. Ali são produzidas farinhas de trigo e derivados até os dias de hoje.

segunda-feira, 8 de agosto de 2022

A Igreja de São Vicente Ferrer em São Vicente do Sul


A Igreja de São Vicente Ferrer em São Vicente do Sul. Igreja Matriz da Cidade de São Vicente do Sul, região central do Estado do Rio Grande do Sul. O templo, construído em estilo gótico, é consagrado a São Vicente Ferrer, um religioso nascido na Espanha em 23 de janeiro do ano de 1350, e falecido na frança, em Vannes, no dia 05 de abril de 1419. A igreja atual foi construída no local onde havia uma antiga capela jesuítica, tendo a obra do templo sido conduzida pelos irmãos Brondani. A inauguração da atual igreja se deu no dia 27 de janeiro de 1946, com missa celebrada pelo padre Pedro Protásio Wastowiski.

A redução jesuítica foi dizimada com a invasão dos Bandeirantes vindos de São Paulo, e os índios dispersaram-se. Mais tarde, o Padre Cristóvão de Mendonza instalou no atual território do Município uma estância de criação de gado, dando-lhe o nome de São Vicente Ferrer. Na praça em frente a igreja, no ano de 1632, foi fundada a Redução Jesuítica de São José, pelo Padre Cristóvão de Mendonza. A redução abrigou 5.800 índios, que eram chefiados pelo Cacique Carapé. Todo o território de São Vicente do Sul, nesta época, pertencia à Coroa e ao Reino de Espanha.

São Vicente Ferrer era um Frade da ordem dos Dominicanos, uma ordem de Pregadores também conhecida por Ordem de São Domingos, uma ordem religiosa católica que tem como objetivo a pregação da palavra e mensagem de Jesus Cristo e a conversão ao cristianismo, tendo sido Fundada em Toulouse, na França, em 22 de Dezembro de 1216 por São Domingos de Gusmão. O território de São Vicente do Sul passou ao domínio de Portugal à partir do ano de 1801, quando Manoel Pedroso e Borges do canto comandaram a conquista da região das Missões. O Município de São Vicente do Sul foi criado no mês de Janeiro de 1883, tendo sido até então parte dos Municípios de Rio Pardo, Cachoeira do Sul, Caçapava do Sul e São Gabriel.

A imagem de São Vicente Ferrer é representada com asas, em razão dos incansáveis e rápidos deslocamentos que o religioso fazia pelos territórios da França, Espanha e Itália em suas pregações. Ainda em vida era apelidado de "Anjo" por seus saberes e virtudes. A paróquia de São Vicente do sul foi criada em 1876 e hoje pertence à Diocese de Santa Maria, sendo constituída por 21 comunidades. São Vicente Ferrer foi um dos maiores pregadores da Igreja do segundo milênio e o maior pregador do século XIV.

segunda-feira, 1 de agosto de 2022

O Chalé Escondido da Antiga Avenida Ipiranga em Santa Maria


Video gravado em janeiro de 2020, na Cidade de Santa Maria - RS. Mostra o chalé da Rua José Bonifácio que ressurgiu na paisagem urbana da cidade em razão da demolição de antigos casarões que existiam na esquina das Ruas Professor Braga, intersecção com o fim da Avenida Presidente Vargas e o início da Rua José Bonifácio. Os casarões da esquina e que escondiam o agora novamente revelado Chalé foram demolidos para darem espaço a uma unidade de uma rede nacional de farmácias, já em funcionamento. No final deste vídeo existe uma foto destes casarões antes de sua demolição, e que abrigavam em seu final uma unidade de CFC - Centro de Formação de Condutores e duas clínicas médicas.

O chalé provavelmente tenha sido construído entre as décadas de 1940 a 1960, e mistura elementos de estilos arquitetônicos Neoclássicos com características do movimento Art Deco, que surgiu no Brasil no começo da década de 1920, com a contribuição de pintores como John Graz, decoradores como Regina Gomide Graz e escultores como Victor Brecheret. O Casarão que aparece no vídeo é do início do século XX, e abriga há muitos anos uma clínica de oftalmologia, tendo a sua fachada original ainda preservada. Detalhe dos ornamentos aparecem neste vídeo em perspectiva. Uma foto do início do século da praça Roque Gonzales, que fica em frente, é mostrada no final do vídeo onde o casarão pode ser visto já construído. Representa uma das últimas construções ainda em pé deste período na região em que se encontra.

A Placa que encontra-se na fachada do Casarão faz referência a antiga denominação da Avenida Presidente Vargas, que foi denominada em seus primórdios de Estrada da Aldeia e logo depois, de Avenida Ipiranga. Foi obra do vereador e presidente da Camara Municipal, Sr. Gaspar Pereira da Silva, que realizou projeto de lei para ligar a Av. Ipiranga, hoje Predisente Vargas, até a Rua do Acampamento, através do trecho que hoje corresponde à Rua José Bonifácio. Monumentos da Praça Roque Gonzales, que fica em frente ao casarão anterior. Estátua em homenagem a Marcelino Champagnat. A estátua foi inaugurada em 1940 e é uma homenagem a Marcelino Champagnat, hoje beatificado: São Marcelino Champagnat. No dia 6 de junho comemora-se o Dia de São Marcelino Champagnat, fundador do Instituto dos Irmãos Maristas.

O Irmão Weibert foi o chefe da missão dos irmãos maristas quando a congregação religiosa francesa se estabeleceu no Estado do Rio Grande do Sul. Os irmãos maristas realizaram extraordinária obra educacional no Rio Grande do Sul e demais estados da região sul. Fundaram dezenas de colégios e, inclusive, a PUC _ Pontifícia Universidade Católica de Porto Alegre. A praça em questão corresponde a Praça Roque Gonzales, e localiza-se mais especificamente em frente ao Hospital de Caridade Astrogildo de Azevedo. É uma homenagem a Roque Gonzales de Santa Cruz, um padre jesuíta natural do Paraguai que entrou na história do Brasil meridional ao tentar disseminar a religião católica entre os índios das terras do oeste do Rio Grande do Sul, tendo sido morto por eles na localidade de Caaró, na região das Missões do RS. Bem em frente ao Hospital de Caridade ainda está o pergolado da praça Roque Gonzalez. No final do vídeo ele aparece em uma foto do início do século, ainda resistindo ao tempo e às constantes reformas que a cidade e o progresso fazem sobre os monumentos de sua história e identidade.