A História da Igreja Que Desafiou o Império do Brasil. Igreja da Comunidade Evangélica de Confissão Luterana da Cidade de Santa Maria, no RS, localizada em frente à praça dos bombeiros. O templo, construído no ano de 1873, domina a paisagem e originou-se da antiga comunidade evangélica luterana da cidade. Os primeiros imigrantes alemães que chegaram a Santa Maria fixaram-se na cidade por volta do ano de 1829, e eram oriúndos do 28 Batalhão de Caçadores, formado por militares que haviam sido contratados pelo governo imperial do Brasil, no ano de 1824, para lutarem na Guerra Cisplatina, que ocorreu de 1825 a 1828, entre Brasil e Argentina, pela posse da Província de Cisplatina, atual território do Uruguai.
Esta comunidade surgiu no ano de 1866, quando foi fundada a Deutsche Evangelische Gemeinde, que atualmente constitui-se na Comunidade Evangélica de Confissão Luterana de Santa Maria, mantenedora do local. Teve como primeiros diretores: Presidente Wilhelm Fischer; Secretário: Carl Friedrich Theodor Poetke; Tesoureiro: Heinrich Druck; Assistentes: Heinrich Eggers, Phillip Jacob Schirmer, Abraham Cassel e Johann Heinrich Drustz, e como pastor o Reverendo Hugo Alexandre Klein. O templo foi construído por João Miguel Adamy, conhecido por ser um dos fundadores da Colônia alemâ de Pinhal, atual município de Itaara. A inauguração se deu em 14 de dezembro de 1873, sem a conclusão da torre que atualmente abriga os sinos da igreja.
Os sinos instalados na torre tem os seguintes nomes: “Ehre sei Gott in der Höhe”(Glória a Deus nas alturas), “Frieden auf Erden” (Paz na terra) e “Den Menschen ein Wohlgefallen”(Às pessoas a quem ele quer bem). Nos três sinos se encontra a seguinte inscrição: GEGOSSEN ANNO 1885 FÜR DIE EVANG. GEMEINDE ZU STA MARIA DA BOCCA DO MONTE BRASILIEN (Fundido no ano de 1885 para a Comunidade Evangélica de Santa Maria da Bocca do Monte, Brasil). No ano de 1885 a Comunidade Evangélica encomendou cinco sinos, que foram fundidos na Cidade de Bochum, na Alemanha, tendo chegado à cidade em agosto de 1886. Destes, três destinavam-se à Igreja de Santa Maria e os outros dois eram destinados à Igreja filial do Pinhal, hoje Município de Itaara. A torre foi concluída no ano de 1877 e os sinos instalados nela 10 anos depois, no ano de 1887.
Em maio de 1877 o chefe da polícia do RS ameaçou a comunidade com um processo por transgressão da lei. Mas por intervenção do vice-presidente do RS, encaminhou-se um requerimento à Câmara no Rio de Janeiro, reivindicando-se igualdade de direitos religiosos, que foi concedida 05 dias após, garantindo à comunidade a realização de cultos no templo. A construção da torre e a construção dos sinos infringiu o artigo 5 da Constituição do Império do Brasil, que dizia: "A religião católica apostólica romana continuará a ser a religião do Estado. Todas as demais religiões serão toleradas, em casas para tanto destinadas, sem qualquer forma exterior de templo”.
Em agosto do ano de 1942, durante a segunda guerra mundial, o templo e a casa paroquial foram alvos de movimentos anti-germânicos. O local foi invadido e destruídos todos os objetos e arquivos históricos do local. Pouco restou da construção original, salvo a torre, as paredes externas e alguns complementos. Somente no ano de 1945, mediante um plano de contribuições, voltou-se à restauração e reequipamento da Igreja, casa pastoral e demais dependências.