segunda-feira, 30 de maio de 2022

A Catedral do Mediador de Santa Maria - Igreja Anglicana do Brasil


A Catedral do Mediador de Santa Maria - Igreja Anglicana do Brasil. Templo da Igreja Episcipal Anglicana do Brasil localizado no centro da Cidade de Santa Maria, Estado do Rio Grande do Sul. A igreja é denominada de "Catedral do Mediador", e representa a Diocese Anglicana Sul-Ocidental, suja sede ou sé é administrada à partir da referida Catedral. A Catedral do Mediador teve suas obras iniciadas no ano de 1905, e foi inaugurada no dia 11 de novembro de 1906. Representa um projeto arquitetônico que mescla os estilos normando ao estilo gótico, que aparecem com detalhes na construção das portas e janelas.

A Torre da Catedral do Mediador possui 26 metros de altura, e os seus sinos foram importados dos EUA. Possui 14 vitrais internos que foram doados pela comunidade. Na sua inauguração, todo o templo foi iluminado com as cores da bandeira do Rio Grande do Sul, que é considerado o berço da Igreja Episcopal Anglicana no Brasil. O projeto da construção da Catedral esteve a cargo do pároco Carl Henry Clement Sergel, um ex-bancário inglês, e a construção do templo foi executada por Virgílio Cattanio. Os vitrais, as portas e as janelas do templo ainda são os originais que estiveram na inauguração do templo.

Os anglicanos chegaram ao Brasil por volta do ano de 1810, através de capelanias subordinadas à Igreja da Inglaterra, e representavam as primeiras igrejas não-romanas presentes no País. Mas apenas em 1890 o Anglicanismo buscou uma expansão no território brasileiro, à partir do trabalho de dois missionários americanos, Lucien Lee Kinsolving e James Watson Morris, que organizaram uma missão em Porto Alegre, no RS. Os Anglicanos definem a sua origem entre os antigos celtas, que tiveram a sua igreja absorvida pela Igreja Católica Romana à partir do século VI, através de Agostinho da Cantuária. Quando o Rei da Inglaterra Henrique VIII buscou a anulação de seu casamento com a Princesa da Espanha Catarina de Aragão no século XVI, ocorreu a separação entre a Igreja Inglesa e a Romana, surgindo assim a Igreja Anglicana.

O nome de "Catedral do Mediador" passou a ser adotado à partir de março do ano de 1950, quando Santa Maria passou a ser a sede da Diocese Sul-Ocidental da Igreja Anglicana do Brasil. Em 29 de outubro de 1982, através da Lei Municipal 4.627, a Catedral do Mediador passou a ser considerada Patrimônio Histórico Municipal da Cidade de Santa Maria. Em Santa Maria, os anglicanos chegaram por volta do fim do século XIX. O primeiro culto anglicano na cidade foi celebrado em 11 de fevereiro de 1900 pelo Reverendo James Morris em uma capela alugada na Rua do Comércio, atual Rua Dr. Bozano, onde estava estabelecida a Capela do Mediador.

segunda-feira, 23 de maio de 2022

O Antigo Prédio dos Caixeiros Viajantes de Santa Maria - Prédio da SUCV


Antigo edifício João Fontoura Borges, localizado no centro da Cidade de Santa Maria, RS, mais conhecido como o "Prédio da SUCV", Sociedade União dos Caixeiros Viajantes do Estado do Rio Grande do Sul. O Prédio foi construído entre os anos de 1922/23 a 1926, e inaugurado em setembro de 1926. Não há consenso sobre as datas de início das obras. Também não há consenso sobre o projeto arquitetônico da construção, que apontam para dois projetos que teriam orientado a construção do Edifício.

Um grupo de estudiosos defende que a obra seguiu projeto elaborado pela Companhia Construtora Santos, que possuia, à época da construção, escritório e diversas outras obras na cidade e no Estado do RS. Outro grupo prega que o projeto arquitetônico teria sido elaborado por Alfredo Haessler e construído pelo engenheiro Jorge Wilde e pelo mestre de obras Otto Werner. A arquitetura do Prédio da SUCV segue os elementos de um estilo eclético, com influências dos movimentos neoclássico e art nouveau. Corresponde a um dos últimos projetos arquitetônicos centenários da cidade que ainda mantém a sua originalidade na sua parte interna, além das fachadas que marcam o imaginário, a paisagem e a história da população da cidade de Santa Maria.

A Sociedade União dos Caixeiros Viajantes - SUCV foi criada no dia 20 de setembro de 1913, por 57 caixeiros viajantes com o objetivo de criar uma entidade associativa que defendesse os seus interesses e desse amparo às famílias. Surgiu como uma entidade de Pecúlio e Previdência que garantiria assistência às famílias daqueles que viessem a morrer, visto que eles eram os mantenedores da renda familiar. Santa Maria foi a cidade escolhida como a sede da sociedade por razões de apresentar, na época, uma forte atividade ferroviária sendo o principal tronco ferroviário do Estado e em razão de sua posição estratégica, pois estando no centro geográfico do Estado do RS, concentrava e facilitava o trânsito dos Caixeiros Viajantes que percorriam todas as áreas do Rio Grande do Sul.

O nome do Edifício "João Fontoura Borges" deve-se a Homenagem ao Presidente da Entidade no período de construção/inauguração do Edifício. A SUCV - Sociedade União dos Caixeiros Viajantes que iniciou como um sistema de Pecúlio e Previdência evoluiu para a União de Previdência, mudou-se para Porto Alegre e hoje corresponde a uma das maiores instituições de previdência do país, correspondendo a União Seguradora. Um Caixeiro-viajante corresponde a denominação de uma profissão antiga, na qual define uma pessoa que vende produtos fora de onde eles são produzidos. Corresponde aos antigos mascates e, nos dias de hoje, aos vendedores e representantes comerciais. Antigamente eram eles a única forma de transportar produtos entre diferentes regiões fora dos grande centros comerciais.

O prédio possui quatro pavimentos além da cobertura. Seu interior teve o cuidado de trazer referência à atividade dos Caixeiros Viajantes, que o construíram. Na entrada junto à base da escadaria, encontram-se as estátuas de Mercúrio, conhecido como o Deus Romano do Comércio, e a de Ceres, a Deusa Grega da Agricultura. Consta que o primeiro elevador da cidade de Santa Maria foi instalado no prédio da SUCV, depois de ter sido adquirido e fabricado na Alemanha, todo ele com armações de madeira. O elevador ainda encontra-se em estado funcional e em plena atividade no Edifício.

Toda a construção do prédio foi feita com materiais nobres, muitos deles importados da Europa. Antes da Construção do Prédio funcionava no local um café, de propriedade da família Aita, denominado de Café Santamariense. Ainda antes da existência do Café Santa Mariense, funcionava no local um antigo cemitério que era contíguo à primitiva Igreja da Matriz da cidade, que passou a ser demolida à partir do ano de 1888. Quando das escavações das fundações do prédio da SUCV, foram encontradas ossadas que eram provenientes deste antigo cemitério que ali existiu.

O prédio sempre foi um ícone na vida social e cultural da cidade. Recitais, concertos e reuniões políticas eram comuns em seu ambiente interno e, mais tarde, formaturas dos cursos da UFSM. Consta que o Presidente da República Getúlio Vargas fez um discurso a populares da sacada do antigo Edifício no longínquo ano de 1930. Desde o ano de 1993 as fachadas externas do Edifício eram tombadas pelo Patrimônio Histórico Municipal. No ano de 2011 o prédio foi desapropriado da SUCV, passando a pertencer ao Município de Santa Maria, com excessão do andar térreo que permanece de posse de particulares.

segunda-feira, 16 de maio de 2022

Antigas Unidades Militares de Porto Alegre RS


Video do antigo prédio da atual 8° Circunscrição do Serviço Militar ( 8° CSM), em Porto Alegre, no Centro Histórico do Estado do Rio Grande do Sul. Trata-se de um belíssimo prédio construído em estilo neoclássico, cuja construção se deu à partir do ano de 1828. O atual prédio foi construído em área de propriedade da Real Fazenda e da Irmandade de Nossa Senhora das Dores, no lugar de uma construção mais antiga ali existente e que abrigava os Armazéns Reais do Império do Brasil, datada de 1776.

O prédio antecessor a este servia de residência do Inspetor de Trem e de seu ajudante em Porto Alegre, além das funções de almoxarifado, depósito de material bélico, artilharia e armas portáteis. Também era sede da Companhia de Artífices Militares e Menores Aprendizes. O atual prédio da CSM já foi sede do Trem de Guerra (1819), do Arsenal de Guerra do RS (1829), a Casa da Pólvora, e também foi sede do Arsenal de Guerra de Porto Alegre (1851), quando tomou as configurações arquitetônicas finais dos dias atuais. Também foi sede do Estabelecimento Regional de fardamento , Equipamento e Arreamento em 1924, e do Estabelecimento Regional de Material de Intendência em 1935.

O segundo prédio que aparece no vídeo corresponde ao prédio da Comissão Regional de Obras/3, criada pelo Decreto n° 66.993 de 04 de Agosto de 1970, com sede também em Porto Alegre e localizada na rua de Setembro, número 332. Ainda na década de 1960 foi reformado e novamente entregue ao uso em 1964, sendo que em 1974 sua destinação passou a ser de Depósito Regional de Material de Intendência. Em 1984 sofreu a última reforma, e hoje serve como sede da 8° CSM, Companhia de Comando do CSM, da Seção de Inativos e Pensionistas e Almoxarifado da 3° Região Militar.

A CSO/3 é subordinada ao Quarto Grupamento de Engenharia , e esta ao Comando Militar do Sul. Sua origem remonta à Comissão Especial de Obras n° 6, instalada em Santa Maria em 15 de junho de 1956, que tinha o objetivo de atender e executar os reparos necessários nos quartéis e residências funcionais das guarnições de Santa Maria, Alegrete e Saican. O Canal Arquitetura Abandonada não conseguiu levantar maiores informações sobre o atual prédio sede da Comissão regional de Obras. Em Porto Alegre, janeiro de 2019.

A Engenharia Militar divide-se em duas vertentes: de combate e de construção. A Engenharia Militar de Combate apoia-se nas armas-base, facilitando o deslocamento das tropas amigas, reparando estradas, pontes e eliminando obstáculos à progressão e, ainda, dificultando o movimento do inimigo. Já a Engenharia Militar de Construção, em tempos de paz, colabora com o desenvolvimento nacional, construindo estradas de rodagem, ferrovias, pontes, açudes, barragens, poços artesianos e inúmeras outras obras.

segunda-feira, 9 de maio de 2022

A Arquitetura Antiga e a História do Distrito de Vila Clara - Mata RS


O Distrito de Vila Clara corresponde ao primeiro distrito da Cidade de Mata, e localiza-se a 7 quilômetros da sede do Município. No passado, Vila Clara junto do Distrito sede da Mata e a região do Taquarichim formavam o 4º Distrito da cidade de São Vicente do Sul. O Distrito de Vila Clara abrange as localidades de São José do Ouro, Chacrinha, Linha Holanda, Boa Esperança, São José e Linha Canoa. O local teve o seu maior cíclo de desenvolvimento quando funcionava na localidade a antiga estação férrea da Clara, hoje desativada e abandonada.

Vila Clara deve o seu nome a Clara Textor, nascida em 5 Março de 1832, em Schönwald, Regensburg, Alemanha. Clara, junto de seu esposo Ludwig Theodor Viggo Thompson foram os primeiros proprietários na região, chegando ao local no final do século XIX. A foto da casa que supostamente teria pertencido ao casal encontra-se no final do vídeo. Thompson foi fundador de uma colônia alemã no Rincão São Pedro que nesta época era distrito de Santa Maria e corresponde ao hoje município de São Pedro do Sul. É bem provável que a colônia alemã fundada por Thompson seja a colônia cuja sede ficava em Clara. O nome "Clara" da colônia teria sido uma homenagem à sua segunda mulher, então Clara Textor.

A Antiga estação férrea de Clara foi inaugurada em 1919, juntamente com o trecho inicial do ramal de São Borja. O nome foi dado também em homenagem à alemã pomerana Clara Textor, esposa de Vigo Thompson. Nos anos 1940 o nome da estação foi alterado para Clara. O ciclo ferroviário representou o maior surto de desenvolvimento da comunidade. Atualmente a economia do distrito gira em torno das lavouras de arroz cultivadas nas várzeas do Rio Toropi. O distrito faz divisa com os Município de São Pedro do Sul e o Município de Toropi, cuja travessia sobre o rio é feita através de uma balsa. No local também há uma grande ponte férrea abandonada sobre o rio que já foi considerada a maior ponte em vão livre da América Latina.

Os casarões que aparecem no vídeo correspondem ao núcleo central que se estabeleceu ao largo da antiga estação férrea. São antigas casas residenciais e comerciais mistas e prédios industriais (engenho de arroz) onde as famílias de colonizadores se estabeleciam e iniciavam os seus comércios, locais que eram considerados pontos estratégicos em razão da logística da ferrovia e da estação presente no distrito. Com o encerramento das atividades férreas, o declínio e o rearranjo dos comércios e da economia local foram inevitáveis.

segunda-feira, 2 de maio de 2022

A História da Antiga Igreja e da Biblioteca da Cidade de Osório no RS


A História da Antiga Igreja e da Biblioteca da Cidade de Osório no RS. Igreja de Nossa Senhora da Conceição, localizada no Centro Histórico da cidade de Osório, no RS. A construção atual é um remodelamento de 2011 dos antigos prédios que vêm sendo reformados desde 1742, quando da construção da primeira capela no local. A primeira Capela remonta ao ano de 1742, quando escravos encontraram, em arroio afluente do atual Arroio do Camarão, uma imagem da santa padroeira. Em 1773, foi criada a Paróquia Nossa Senhora da Conceição do Arroio (atual Osório), com a Igreja Matriz sendo construída no período de 1793 a 1873. Por volta de 1900, o campanário lateral foi demolido. A foto deste período encontra-se ao final do vídeo.
Na década de 1950 surgiu um projeto para a Igreja Matriz, a qual teve as paredes construídas ao redor da antiga. Com a criação da Diocese de Osório em 1999-2000, a Igreja Matriz passou a ser designada Catedral. Em 2011 um novo modelo foi proposto, com a intenção de alteração na fachada frontal e a permanência de uma única torre para recuperar o valor histórico da construção, remetendo à primeira Igreja de 1742, como marco visual da cidade. A cidade de Osório origina-se dos tempos e das ações de proteção e colonização das terras extremas do território imperial do Brasil. No final do século XVII, a faixa litorânea tornou-se conhecida pelos paulistas e lagunenses que vinham em busca de gado e também era caminho das tropas que faziam o enfrentamento das invasões castelhanas. O caminho ficou conhecido como Estrada da Laguna.
Em 1857, o município de Osório emancipou-se de Santo Antônio da Patrulha, e se chamava Conceição do Arroio. Em 1934 Conceição do Arroio passou a chamar-se Osório, por ordem do interventor federal Flores da Cunha, em homenagem ao marechal Manuel Luís Osório, patrono da Cavalaria Nacional, supostamente ali nascido. No entanto, pesquisas posteriores apontam que o General Osório nasceu no município de Tramandaí, próximo aos limites com Osório, local transformado em parque histórico com o seu nome. O prédio que aparece no vídeo corresponde a sede da Biblioteca Pública Municipal, que funciona no local desde o ano de 1985. O prédio corresponde à sede da antiga Prefeitura da Cidade, e foi construído em meados do século XIX. A área conta com amplo espaço cultural do Município de Osório e faz parte do Centro Histórico Municipal.

A primeira Biblioteca criada no Município chamava-se Sociedade Amor à Arte, organizada em 1887. Em 15 de março de 1943, por decreto municipal, foi criada a primeira biblioteca pública de Osório, que logo passou a denominar-se Fernandes Bastos. Até 1952 ela permaneceu no andar superior deste prédio, então sede da Prefeitura. Passou então por diferentes locais até ser instalada em definitivo no seu local atual. Fernandes Bastos, que empresta o nome à Biblioteca do Município de Osório, foi intendente municipal quando o Município ainda chamava-se Conceição do Arroio, em três oportunidades, 1912-1915, 1920-1924 e 1928-1934. Era Porto-alegrense, intelectual e fluente em alemão e francês. Foi autor do livro Noite de Reis, de 1935, e, como correspondente do IHGRS, autor de inúmeros artigos sobre a história do Litoral Norte gaúcho.