segunda-feira, 27 de setembro de 2021

Estações Abandonadas - A Antiga Estação Ferroviária de Arroio do Só



A Antiga Estação Ferroviária de Arroio do Só. Antiga estação ferroviária localizada na sede o Distrito de Arroio do Só, município de Santa Maria, no RS. O nome Arroio do Só deve-se à existência de um ermitão que, afastando-se de seu povo, embrenhou-se nas matas e construiu uma pequena cabana às margens de um arroio, que mais tarde passou a ser conhecido como Arroio do Só.

A linha férrea foi construída e inaugurada em 1885 pela empresa federal A E. F. Porto Alegre-Uruguaiana que foi fundada no ano de 1883, para ligar o hoje Distrito de Santo Amaro, no Município de General Câmara ao também Município de Cachoeira do Sul. Na época estes lugares se chamavam Amarópolis e Cachoeira.
No ano de 1898 esta empresa foi encampada pela Compagnie Auxiliaire des Chemins de Fer au Brésil, empresa belga, e em 1905 passou a ser a linha-tronco da VFRGS, ainda administrada pelos belgas, que exploraram a rede até o ano de 1920. Em 1907, os trilhos atingiram Uruguaiana, na fronteira com a Argentina. Passavam aqui trens de carga e trens de passageiros, sendo esta uma importante estação que movimentava toda a região ao seu entorno.

A partir de 1920, a linha tornou-se estatal novamente. Em 1957 foi encampada pela RFFSA. Durante os seus anos de operação foram construídas algumas variantes, para encurtar tempos e distâncias, eliminando algumas estações de sua linha original. Em 2 de fevereiro de 1996, deixaram de rodar os trens de passageiros pela linha que, hoje, transporta os trens cargueiros da concessionária ALL - RUMO desde esse mesmo ano.

A estação sempre foi ponto de referência do Distrito de Arroio do Só, e foi o seu maior fator de desenvolvimento desde a sua criação até meados da década de 70, quando começou a declinar. Hoje apenas trens de carga passam pela antiga estação que, no passado, foi um importante pólo irradiador de cultura, comércio e de novas tecnologias.

A Rumo Logística foi fundada em 2008. Em 2015, absorveu a América Latina Logística, tornando-se a maior companhia de logística com estrutura ferroviária do Brasil. Não se sabe se a estação de Arroio do Só foi inaugurada em 1885 pela E. F. Porto Alegre-Uruguaiana ou em data posterior, sendo esta hipótese a mais provável. O prédio hoje existente é usado como moradia e encontra-se em processo de tombamento devido a sua importância histórica junto ao Distrito.

segunda-feira, 20 de setembro de 2021

A Arquitetura Antiga da Casa da Mata Grande


A Arquitetura Antiga da Casa da Mata Grande em São Sepé no RS. Antiga casa de imigrantes italianos construída na sede do Distrito de Mata Grande, distrito da cidade de São Sepé, localizada na região centro do estado do Rio Grande do Sul. O distrito surgiu em 1915, quando os primeiros imigrantes, vindos da quarta colônia de imigração italiana do RS, em Silveira Martins, adquiriram terras na Mata Grande, que nesta época se chamava Mato Grande. Eles representavam a segunda ou terceira geração dos primeiros imigrantes que vieram da Itália nos primeiros movimentos de colonização da região.

Rogério Pozzer, Jacob Valentin Casanova, Ângelo Fantinel e Frederico Martini são reconhecidos como os primeiros pioneiros a se estabelecerem na região. Depois de adquirirem as terras e fixar residência, abriram lavouras e construíras as casas, e só após dois anos de trabalho é que trouxeram os seus familiares para a região. O músico Sepeense Alex Casanova, descendente dos primeiros moradores do local, compôs uma música que resgata as histórias deste salão de bailes. A música participou da 15°edição do festival Sinuelo da Canção Nativa da cidade de São Sepé. No Card acima e a direita do vídeo você pode ouvir esta canção que resgata as histórias deste tempo.

A casa no vídeo Casas Antigas - A Casa da Mata Grande presume-se que tenha sido construída nesta época. Pertenceu a José Piasi Martini (o Beppi Martini), e além de servir de residência para a sua família, foi por muito tempo um armazém de campanha (na região chamado de "venda" ou "Bolicho"), além de ter sido utilizado também como um salão de bailes. Seguindo os primeiros pioneiros, outras famílias chegaram e se estabeleceram no local posteriormente. Uma placa em frente à igreja aparece no final deste vídeo relacionando todas as famílias que ali chegaram, numa homenagem ao centenário da imigração italiana no Distrito de Mata Grande da cidade de São Sepé, no RS.

Como em todas as comunidades do interior onde a fé e a religiosidade estão presentes, ela torna-se o centro de aglutinação dos moradores, que vivem nela e no arredor dela o dia a dia e as decisões daquela comunidade. Ao lado da igreja encontra-se a placa comemorativa em homenagem aos 100 anos da imigração, com o nome das famílias pioneiras. O distrito de Mata Grande é o berço da cultura italiana em São Sepé. Esta casa, num projeto também capitaneado pelo músico e filho da terra, Alex Casanova, tenta-se através de um projeto cultural transformá-la em um museu para que se possa guardar ali a história de um passado de lutas e conquistas que, aos poucos, vai se perdendo no tempo.

A igreja da comunidade é consagrada a São João Evangelista, e consta que foi construída em 1948. Ela teria substituído uma antiga capela de madeira que fora construída em 27 de dezembro de 1936. Ao lado dela está construído o salão da comunidade, onde ocorrem as festas e reuniões dos moradores da localidade.

segunda-feira, 13 de setembro de 2021

Casas Antigas O Palacete do Alto da Bronze


Casas Antigas - O Palacete do Alto da Bronze: Antigo Palacete do Alto da Bronze, construído no início do século XX, localizado nas esquinas das Ruas Duque de Caxias e General Portinho, em frente à Praça General Osório, mais conhecida como Alto da Bronze, no centro histórico de Porto Alegre, Estado do Rio Grande do Sul.

O Prédio foi construído no estilo eclético de três pavimentos, e apresenta sacadas amplas com balaústras e janelões com duas e três divisórias, decoradas com rica ornamentação externa, que se repetem nas fachadas das duas ruas. O prédio abre-se no canto das esquinas, onde apresenta outras duas sacadas no mesmo estilo, mas com janelas simples. Na parte superior uma rica e detalhada platibanda esconde a cobertura do terceiro pavimento, com o detalhe arredondado das janelas que apresentam sacadas. O Palacete foi projetado pelo engenheiro J. G. Soeiro no início do século XX, em meados de 1900. Não conseguimos precisar a data exata da construção.
O palacete foi sede de um antigo convento de freiras, mas não sabemos se estas foram os seus primeiros moradores. Segundo informações do Sr. Jorge Ari, vigilante que trabalha neste prédio, o palacete foi a residência de um barão, mas não conseguimos confirmar a história. Fato é que na época de sua construção já era vigente a República dos Estados Unidos do Brasil.

Em janeiro de 1939 o Palacete passou a abrigar a Escola Médico-Cirúrgica de Porto Alegre, que alguns meses depois mudou o nome para Escola Médico-Cirúrgica do Rio Grande do Sul. Fundada em 1915, esta escola era pioneira em tratamentos alternativos, como a homeopatia, e sofreu grande discriminação pela classe médica local à época, que não a reconheciam como instituição de ensino. Foi extinta em meados de 1946, sem maiores registros históricos.
O Palacete é sede, nos dias atuais, da terceira circunscrição da justiça militar - 3° CJM, que, devido ao grande contingente militar existente no estado do RS, se divide em três auditorias, sendo a primeira auditoria militar a que funciona neste local. As outras auditorias militares estão localizadas nos municípios de Santa Maria e Bagé. A terceira CJM ocupa as dependências do casarão desde o ano de 1949.

O Palacete também foi sede do TCE - Tribunal de Contas do Estado do RS, nos primórdios da formação e construção desta instituição, antes da década de 1950, ali permanecendo durante cinco anos até ser transferido para o Edifício Poty, na Rua Vigário José Inácio, e depois para a sua sede própria. O prédio que aparece na tela pertence a instituição católica Inspetoria Salesiana São Pio X, e foi ocupado pelo movimento Ocupação Mulheres Mirabal, que invadiram o espaço em novembro de 2016. O prédio teve a reintegração de posse deferida pela justiça em 10/07/2018 favorável aos proprietários.

O termo Mirabal é referência ao sobrenome de três irmâs originárias da República Dominicana que se opuseram à ditadura de Rafael Leónidas Trujillo e foram assassinadas no ano de 1960. Em 17 de dezembro de 1999, a Assembleia Geral das Nações Unidas declarou que 25 de novembro é o Dia Internacional da Eliminação da Violência contra a Mulher, em homenagem ao sacrifício das irmãs Mirabal.

O Movimento Mulheres Mirabal é uma organização de Porto Alegre sem fins lucrativos, ligada ao movimento de Mulheres Olga Benário que luta pela vida das mulheres e pelo socialismo no Brasil inteiro, buscando fortalecer mulheres de todos os estados, através de um movimento feminista classista, na luta contra a opressão e o machismo estrutural da sociedade capitalista nos dias atuais.

segunda-feira, 6 de setembro de 2021

A Ponte do Império do Rio Jacuí


A Ponte do Império do Rio Jacuí. Ruínas da Ponte sobre o Passo Geral do Rio Jacuí, na localidade da Vila do Jacui, interior do Município de Restinga Seca, no interior do Rio Grande do Sul. Na margem oposta do Rio está a localidade de Pertille, interior do Distrito de Três Vendas, que pertence ao Município de Cachoeira do Sul - RS.
A Ponte Imperial do Passo Geral do Jacuí foi mandada construir por Dom Pedro II quando era Presidente e Comandante das Armas do Rio Grande do Sul o ilustríssimo Duque de Caxias, que na época ainda era o Barão de Caxias. Foi uma das tantas obras de infraestrutura executadas no RS após a pacificação do Sul e o término da Revolução Farroupilha no ano de 1845.
O decreto para a construção da ponte foi assinado em 08 de abril de 1846. Em 1848, ao custo de 250 contos de réis, foi iniciada a construção da ponte, com projeto inicial do mercenário alemão Johan Martin Boff, que posteriormente foi modificado por George K.P.T. Von Norman, o mesmo projetista e engenheiro responsável pela construção do Teatro São Pedro, em Porto Alegre.

A ponte só foi concluída vinte e três anos depois, no ano de 1871. Em 1876, a administração da Ponte e arrecadação do pedágio foram entregues ao município de Cachoeira do Sul. Com 180 metros de comprimento e nove vãos de cerca de 17 m, a construção trouxe reflexos importantes na modernização, no desenvolvimento e na economia da região em sua época.
Os pilares da ponte e que ainda hoje resistem foram motivos de desconfiança na época de sua construção, tendo sido considerados pouco seguros pelo Barão de Caçapava, que considerou a largura da ponte insuficiente e os seus pilares de má qualidade. Estes foram construídos com pedra grés, coladas com uma mistura de cal e areia comum, e revestidos de pedra lavrada. No ano de 2019, decorridos 171 anos do início de sua construção, apenas um dos pilares ruiu.

Durante os anos de 1893/1895, ocorreu no RS a Revolução Federalista. A história conta que um dos grupos em guerra (chimangos e maragatos) colocou fogo no último vão de madeira de um dos lados da ponte para proteger a sua retaguarda e impedir o avanço de seus inimigos e o acesso ao norte do Jacui. Após a revolução federalista de 1893/1895 a ponte nunca mais foi reconstruída, e atribui-se como causa o conflito de interesses entre os charqueadores da região da cidade de Pelotas-RS e os de Cachoeira do Sul que a ponte beneficiava mais diretamente.

O Passo Geral do Jacuí onde foi construída a ponte é um local de importância e relevãncia na história, pois neste local teriam se encontrado, no período das Guerras Guaraníticas, as tropas leais do império português comandadas por Gomes Freire, e os índios guaranis, incluindo o lendário chefe índio Sepé Tiaraju. Por conta do Tratado de Madrid, do ano de 1750, exigiu-se a retirada da população dos índios guaranis que viviam na região fazia 150 anos sob a égide das Missões Jesuíticas.

O charque era o principal produto da economia gaúcha neste tempo, e a antiga ponte do império chegou a abalar os negócios das charqueadas de Pelotas por sua localização geográfica privilegiada, situada no centro do estado do Rio Grande do Sul. E os pilares da antiga ponte ainda permanecem, desafiando o tempo e as águas do veloz e caudaloso Rio Jacuí, ou do Tupi-Guarani: "o rio dos jacus".