segunda-feira, 6 de setembro de 2021

A Ponte do Império do Rio Jacuí


A Ponte do Império do Rio Jacuí. Ruínas da Ponte sobre o Passo Geral do Rio Jacuí, na localidade da Vila do Jacui, interior do Município de Restinga Seca, no interior do Rio Grande do Sul. Na margem oposta do Rio está a localidade de Pertille, interior do Distrito de Três Vendas, que pertence ao Município de Cachoeira do Sul - RS.
A Ponte Imperial do Passo Geral do Jacuí foi mandada construir por Dom Pedro II quando era Presidente e Comandante das Armas do Rio Grande do Sul o ilustríssimo Duque de Caxias, que na época ainda era o Barão de Caxias. Foi uma das tantas obras de infraestrutura executadas no RS após a pacificação do Sul e o término da Revolução Farroupilha no ano de 1845.
O decreto para a construção da ponte foi assinado em 08 de abril de 1846. Em 1848, ao custo de 250 contos de réis, foi iniciada a construção da ponte, com projeto inicial do mercenário alemão Johan Martin Boff, que posteriormente foi modificado por George K.P.T. Von Norman, o mesmo projetista e engenheiro responsável pela construção do Teatro São Pedro, em Porto Alegre.

A ponte só foi concluída vinte e três anos depois, no ano de 1871. Em 1876, a administração da Ponte e arrecadação do pedágio foram entregues ao município de Cachoeira do Sul. Com 180 metros de comprimento e nove vãos de cerca de 17 m, a construção trouxe reflexos importantes na modernização, no desenvolvimento e na economia da região em sua época.
Os pilares da ponte e que ainda hoje resistem foram motivos de desconfiança na época de sua construção, tendo sido considerados pouco seguros pelo Barão de Caçapava, que considerou a largura da ponte insuficiente e os seus pilares de má qualidade. Estes foram construídos com pedra grés, coladas com uma mistura de cal e areia comum, e revestidos de pedra lavrada. No ano de 2019, decorridos 171 anos do início de sua construção, apenas um dos pilares ruiu.

Durante os anos de 1893/1895, ocorreu no RS a Revolução Federalista. A história conta que um dos grupos em guerra (chimangos e maragatos) colocou fogo no último vão de madeira de um dos lados da ponte para proteger a sua retaguarda e impedir o avanço de seus inimigos e o acesso ao norte do Jacui. Após a revolução federalista de 1893/1895 a ponte nunca mais foi reconstruída, e atribui-se como causa o conflito de interesses entre os charqueadores da região da cidade de Pelotas-RS e os de Cachoeira do Sul que a ponte beneficiava mais diretamente.

O Passo Geral do Jacuí onde foi construída a ponte é um local de importância e relevãncia na história, pois neste local teriam se encontrado, no período das Guerras Guaraníticas, as tropas leais do império português comandadas por Gomes Freire, e os índios guaranis, incluindo o lendário chefe índio Sepé Tiaraju. Por conta do Tratado de Madrid, do ano de 1750, exigiu-se a retirada da população dos índios guaranis que viviam na região fazia 150 anos sob a égide das Missões Jesuíticas.

O charque era o principal produto da economia gaúcha neste tempo, e a antiga ponte do império chegou a abalar os negócios das charqueadas de Pelotas por sua localização geográfica privilegiada, situada no centro do estado do Rio Grande do Sul. E os pilares da antiga ponte ainda permanecem, desafiando o tempo e as águas do veloz e caudaloso Rio Jacuí, ou do Tupi-Guarani: "o rio dos jacus".

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