sábado, 6 de março de 2021

Casas Antigas e Históricas - O Solar dos Câmara em Porto Alegre


O Solar dos Câmara foi construído entre 1818 e 1824 para José Feliciano Fernandes Pinheiro, no estilo dos casarões coloniais portugueses, para servir-lhe de residência. Em 1824, José Feliciano, então inspetor da Alfândega do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, foi nomeado pelo Imperador Dom Pedro I o primeiro presidente da província de São Pedro do Rio Grande do Sul. Em 1826, ele foi elevado à nobreza brasileira com o título de visconde de São Leopoldo, por seus serviços no processo de colonização alemã na província. José Feliciano é também considerado o primeiro historiador do Rio Grande do Sul, por sua obra Anais da Província de São Pedro. Morreu em 1847, tendo residido no solar durante vinte e nove anos.

Em 1851, José Antônio Corrêa da Câmara, o segundo visconde de Pelotas, casou-se com a filha mais nova do falecido visconde de São Leopoldo, vindo ambos a morar no casarão. Em 1874, a residência sofreu uma grande reforma, e o estilo original foi adaptado para satisfazer o gosto neoclássico dominante do período. Assim, o prédio foi ampliado e os ambientes internos receberam requintes como veludos, lustres, tapetes e cristais.
O terceiro e último morador do solar foi o professor e político Armando Pereira Corrêa da Câmara, neto do segundo visconde de Pelotas e bisneto do visconde de São Leopoldo. De formação cristã, ele foi importante líder político-católico, senador, reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e o primeiro reitor da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).
Em 1889, após a proclamação da república brasileira, o segundo visconde de Pelotas foi empossado como primeiro governador do Estado do Rio Grande do Sul e condecorado no ano seguinte como marechal, de modo que o solar permaneceu sendo um dos focos do poder político no Rio Grande do Sul. Em 1893, o marechal Câmara veio a falecer.

Em 1963, o prédio de 1290 m² foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), pois, além de seu valor histórico, passou a ser o remanescente mais antigo de arquitetura residencial do século XIX em Porto Alegre. Em 1988, iniciaram-se as obras de restauração em parceria com o IPHAN, buscando a recuperação das características originais do prédio. Em 1993, totalmente restaurado, o solar foi aberto à comunidade sob a forma de um completo espaço cultural, promovendo a cultura e valorizando a história gaúcha.

Após a morte de Armando Pereira Correia da Câmara, em 1975, foram iniciadas as negociações da Assembleia Legislativa com membros da tradicional família Corrêa da Câmara para aquisição do prédio. Finalmente adquirido em 1981, a Assembléia Legislativa passou a administrá-lo, instalando inicialmente o serviço de pesquisa e documentação histórica e um museu.

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