segunda-feira, 22 de novembro de 2021

Lugares Abandonados - A Antiga Estação Férrea de Jacui


Lugares Abandonados - A Antiga Estação Férrea de Jacui. Antiga Estação Ferroviária na localidade de Jacui, interior do Município de Restinga Seca, no RS, construída no ano de 1885 pela Companhia Estatal E. F. Porto Alegre-Uruguaiana, para explorar a Estrada de Ferro Porto Alegre-Uruguaiana. Em 1897 realizou-se uma concorrência pública para o arrendamento desta Estrada de Ferro. Foi vencedor Afonso Spee, que representava a empresa belga da Société Générale pour Favoriser l’Industrie Nationale, com sede sede em Bruxelas, uma empresa que atuava no ramo ferroviário na Europa e que criou a Compagnie Auxiliaire de Chemins de Fer au Brésil para atuar no RS.

Através do Decreto n. 2.884, de 24 de abril de 1898, a Compagnie Auxiliaire des Chemins de Fer au Brésil istalou-se no Brasil, e em 06/1898 passou a explorar a ferrovia e a estação de Jacui. Contava com um capital de 4,5 milhões de francos, e entre seus acionista um brasileiro, o engenheiro João Teixeira Soares, que era o seu administrador no pais. Finalmente, a partir do ano de 1920, o governo do Estado do RS decidiu assumir a ferrovia rio-grandense. Borges de Medeiros, o Governador do Estado nesta época, associado à bancada gaúcha no Congresso, convenceram o Governo Federal a aprovar a estatização da Auxiliaire, com a consequente criação da Viação Férrea do Rio Grande do Sul (VFRGS), agora sob controle do governo do RS.

A estação foi administrada pela companhia Belga até o ano de 1911, quando, em razão do maior número de títulos, a Brazil Railway Company de Farquhar, que era controlada pelo megaempresário norteamericano Percival Farquhar, comprou a antiga empresa e passou a administrar toda a concessão e operações da Compagnie Auxiliaire no RS. O primeiro diretor presidente da VFRGS foi o Eng. Augusto Pestana, um crítico ferrenho do modelo de concessões a grupos privados estrangeiros até então vigente no País. Seu modelo de gestão, investimento e planejamento assegurou o bom funcionamento do transporte ferroviário gaúcho até sua absorção pela Rede Ferroviária Federal (RFFSA) em 1959.

Em regra, o agente de uma estação era também o operador de telégrafo, usado na comunicação entre estações para reportar chegadas e partidas, problemas, para receber e enviar notícias de um lugar a outro. As linhas de telégrafo seguiam junto com as ferrovias, atendendo a operação de trens e proporcionando um avanço nas comunicações das cidades onde chegavam. A estação de Jacuí teve a sua maior importância no início de suas atividades quando, além de ter proporcionado o surgimento do “povoado-estação", com a instalação de armazéns e depósitos agrícolas que atuavam no escoamento da produção da localidade, ali que se instalaram também as oficinas telegráficas da ferrovia e também um depósito de locomotivas, entre os anos de 1920-1930.

A Estação de Jacui era também uma estação de parada de reabastecimento de água, algo fundamental para as locomotivas a vapor. Quase todas as estações tinham uma caixa sobre torre de tijolos ou ferro e algumas tinham uma bomba d'água sobre poço ao lado da linha férrea. Nesta estação, a caixa dágua era de ferro fundido, e ainda encontra-se em pé e preservada, conforme pode-se ver no início do vídeo. As caixas, no Brasil, seguiram o modelo inglês ou belga, de aço e retangulares, e algumas foram feitas com o modelo americano, de madeira ou aço em forma de cilindro. Poucas caixas d'água foram preservadas ao longo das linhas, pois, com a mudança do sistema a vapor para diesel ou eletricidade, perderam a sua função original e, em sua grande maioria, foram demolidas.

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