domingo, 2 de maio de 2021

A Antiga e Centenária Ponte de Pedra da Cidade de Cachoeira do Sul



Antiga Ponte de Pedra sobre o Rio Botucaraí, localizada na Localidade de Forqueta, interior do Município de Cachoeira do Sul,  no Estado do Rio Grande do Sul. A Antiga Ponte de Pedra foi construída no período imperial do Brasil, tendo a sua construção se iniciado no ano de 1832 e finalizada no ano de 1848, quando a mesma já registrava tráfego de carreta nos registros da comunidade local. A ponte também é conhecida como a ponte do imperador, em razão de existir a crença de que a mesma teria sido feita para a passagem do imperador Dom Pedro II durante uma de suas passagens por Cachoeira do Sul. Esta crença, no entanto, não encontra sustentação histórica.


Dom Pedro II esteve na Cidade de Cachoeira do Sul pela primeira vez no ano de 1846, em visita à região após a pacificação do Sul do Brasil e o encerramento da Guerra dos Farrapos. Nesta época a construção da ponte de pedra ainda não havia sido finalizada. A segunda visita de Dom Pedro II à Cidade de Cachoeira do Sul, à época denominada Vila Nova de São João da Cachoeira, se deu em 1865, quando a comitiva imperial rumava para a Cidade de Uruguaiana em decorrência de desdobramentos da Guerra do Paraguai, chegando à Cidade através de um barco a vapor pelo Rio Jacuí, que teria atracado no Passo de São Lourenço. 


Conforme registros históricos, a Ponte de Pedra do Rio Botucaraí teve início em 1832 por determinação do  Desembargador Manoel Antônio Galvão, então Presidente da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul. A obra, no entanto, foi interrompida entre 1835 e 1845 em razão da Revolução Farroupilha ou Guerra dos Farrapos que eclodiu na região. As obras foram retomadas em 1847 e em 1848 foi definida a empreiteira para a finalização da obra, que se deu em outubro do mesmo ano. Conforme relato do  intendente Isidoro Neves da Fontoura, a Ponte de Pedra do Rio Botucaraí foi a primeira ponte neste estilo de construção feita do Estado do Rio Grande do Sul.


A importância histórica da ponte foi notável, pois ela dava o único acesso para a passagem de tropas e de mercadorias para a Cidade de Rio Pardo e, consequentemente, para a Capital da Província, Porto Alegre. Sua construção se deu em alvenaria da época, com as arestas e cabeceiras feitas de pedras irregulares e os arcos feitos de tijolos unidos com uma mistura de areia e cal de mesma proporção. A Ponte de Pedra do Rio Botucaraí foi utilizada com intensidade até a década de 1950 quando caiu em desuso. A dificuldade de travessia feita por carros modernos e a construção de novas estradas, assim como as constantes cheias de Rio Botucaraí, desviaram o fluxo de pessoas no local, o que, aos poucos, aumentou o seu estado de degradação.



No ano de 2010 uma das cabeceiras da ponte ruiu, colocando em risco toda a estrutura. A partir de então, a comunidade uniu-se em torno de um Grupo de Recuperação da Ponte de Pedra que, com o auxílio do Exército Brasileiro e de diversas outras entidades, procederam a recuperação e o restauro da estrutura centenária. A reforma foi finalizada no ano de 2011. Hoje o sentido da Ponte de Pedra foi ressignificado, passando de uma importante estrutura viária de infraestrutura de sua época de construção, para um importante símbolo histórico e cultural do Município, além de ser um interessante ponto de turismo e de lazer municipal e regional.


Como curiosidade, o nome do Rio que a ponte atravessa, Botucaraí, corresponde a um curso de água que pertence a grande bacia hidrográfica do Rio Jacuí, correndo em direção ao estuário do Rio Guaíba. A etimologia da palavra, na língua Tupy-Guarani é  ybyty-caray (Monte Santo), o que define Botucaraí como o Rio do Monte Santo.





Fontes de Pesquisa:


Marcas espaciais do tempo histórico: as rugosidades da paisagem rural de Cachoeira do Sul/RS. Vidal, Lisane Regina. Disponível em: https://repositorio.ufsm.br/handle/1/15562


https://pontedepedra.blogspot.com/


http://www.ipatrimonio.org/


ANAIS DO II CONGRESSO NACIONAL ANAIS DO II CONGRESSO NACIONAL PARA SALVAGUARDA AGUARDA DO PATRIMÔNIO CUL TRIMÔNIO CULTURAL

 UFSM-CS. ISBN 978-85-94140-06-7. II CONGRESSO NACIONAL CONGRESSO NACIONAL PARA SALVAGUARDA AGUARDA DO PATRIMÔNIO CULTURAL

Volume III: Paisagem em suas várias dimensões. Disponível em: https://www.ufsm.br/app/uploads/sites/221/2020/03/II_CNSPC_2019__Anais_Volume-3.pdf


http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ea000319.pdf



https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/182902/000017387.pdf?sequence=1&isAllowed=y



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