A Vila Belga constitui-se de um conjunto de edificações construídas pela empresa ‘Compagnie Auxiliaire des Chemins de Fer au Brésil‘ para os seus funcionários. Sua denominação faz referência à nacionalidade da empresa e de seus primeiros moradores. Localizada próxima à Gare da Viação Férrea da cidade de Santa Maria, às unidades residenciais somam-se ainda a sede da Cooperativa de Consumo dos Empregados da Viação Férrea do Rio Grande do Sul (CEVFRGS), seu clube e cinco armazéns. O conjunto foi projetado pelo engenheiro belga Gustave Vauthier que era diretor da Auxiliaire.
Em 1898 a empresa belga, a Compagnie Auxiliaire arrendou a Estrada de Ferro Porto Alegre - Uruguaiana. Logo depois, em 1901, relocalizou para Santa Maria, suas oficinas que funcionavam em Taquari. Em 1905, ao assumir a administração de toda a Viação Férrea do Rio Grande do Sul, a Auxiliaire transferiu também sua sede para Santa Maria. Nesta época Santa Maria já abrigava as oficinas da belga Compagnie des Chemins de Fer. Esta escolha foi estratégica porque Santa Maria, após o início da construção da Estrada de Ferro Santa Maria - Marcelino Ramos e a previsão de seu prolongamento até São Paulo, tornou-se um dos principais entroncamentos da linha.
Para abrigar seus funcionários graduados (mas não propriamente do primeiro escalão) que trabalhavam diretamente na operação do pátio ferroviário, a Auxiliaire adquiriu uma gleba urbana próxima à Estação de Santa Maria e iniciou a construção de uma série de residências, conjunto que ficou conhecido como "Vila Belga". Em 1910 foi completada a linha férrea que partia de Itararé (SP), passando por Marcelino Ramos e Santa Maria, alcançava Rio Grande, formando a ferrovia Estrada de Ferro São Paulo-Rio Grande. Tal integração consolidou Santa Maria como cidade ferroviária, título que mereceu, pelo menos, até meados da década de 1960.
Composta inicialmente de apenas unidades residenciais, ao longo do tempo teve acréscimos como a construção da farmácia (1917), Escola de Artes e Ofícios (1918-1920), açougue (1920), escola (1924-1930), Casa de Saúde (1931 - 1933), Padaria Modelo e fábrica de bolachas (1962). Os diretores da empresa viveram em chácaras na Avenida do Progresso (atual Avenida Rio Branco) que ligava a estação ao centro de Santa Maria. Há poucos dados disponíveis sobre a quantidade de funcionários da ferrovia lotados nas suas unidades sediadas em Santa Maria. Estima-se que, apenas nas oficinas de Santa Maria, o número de operários era de 589, em 1921, chegando a 750, no início da década de 1940. Também contou com outros edifícios como uma tipografia, uma indústria de torrefação e moagem de café, fábrica de sabão, Clube dos Funcionários, prédio sede da Cooperativa e armazéns.
Mesmo após a passagem da administração da Auxiliaire, a Vila Belga continuou servindo como moradia para os funcionários da linha. Desde janeiro de 1988, a Vila Belga é considerada patrimônio histórico e cultural do município de Santa Maria e estadual (IPHAE). Em 1997, através de leilão que deu preferência aos então moradores, as casas passaram a ser propriedades particulares. Com os conflitos na Europa que acabaram por desencadear a eclosão da Primeira Guerra Mundial, ao mesmo tempo em que geraram um aumento das exportações para os países envolvidos nos conflitos, causaram o endividamento da empresa belga. Como resultado, em 1910 a Brazil Railway Company adquiriu 70% das ações da Auxiliaire.
Composta inicialmente de apenas unidades residenciais, ao longo do tempo teve acréscimos como a construção da farmácia (1917), Escola de Artes e Ofícios (1918-1920), açougue (1920), escola (1924-1930), Casa de Saúde (1931 - 1933), Padaria Modelo e fábrica de bolachas (1962). Apesar de ter sido construída por uma empresa ferroviária para fornecer habitação próxima aos locais de trabalho dos seus funcionários, a vila não se configura como uma tradicional "vila operária". Isto é, não está separada das cidades e não foi construída segundo princípios hierárquicos e de organização social, mas sim como um pequeno bairro do município de Santa Maria.
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