terça-feira, 22 de dezembro de 2020

A Casa dos Ministérios da Revolução Farroupilha do Rio Grande do Sul


Casa que pertenceu a José Pinheiro de Ulhoa Cintra, conhecida como a Casa dos Ministérios ou a Casa de Reuniões dos Farrapos, localizada no Centro Histórico da Cidade de Caçapava do Sul, no Estado do Rio Grande do Sul. Foi construída em algum momento entre os anos de 1800 a 1839. Neste ano já estava construída, pois foi sede de diversos ministérios da República Rio-Grandense ou República do Piratini, onde os comandantes da Revolução Farroupilha realizavam as suas reuniões e deliberações.

A construção representa com clareza a arquitetura Colonial Luso-Brasileira da primeira década do século XVIII. Foi construída na esquina sobre o alinhamento dos passeios públicos, em planta retangular. Possui cobertura em quatro águas, telha capa-e-canal, telhado galbado com beiral e cimalha, e aberturas com verga em arco abatido e cercadura. O acesso à construção se dá pela rua, através de grandes portas de madeira com escadas que chegam à calçada. Na fachada externa ainda aparecem elementos de decoração e o brasão supostamente da Família Cintra, gravado em alto relevo entre as janelas.
Nesta casa também funcionou a tipografia e as instalações do jornal O POVO, redigido pelo revolucionário italiano Luigi Rossetti com a colaboração de Domingos José de Almeida, e que era intitulado como o jornal político, literário e ministerial da República Rio Grandense. No dia 09 de janeiro de 1839, em plena realização da Revolução Farroupilha, os revolucionários farrapos transferiram a Capital da República Rio Grandense da Cidade de Piratini para a Cidade de Caçapava do Sul, em busca de maior segurança militar para o alto comando revolucionário.
Após o fim da Revolução farroupilha em 1845, a casa tornou-se residência do ex-ministro Ulhoa Cintra e sua família, que mais tarde exerceu os cargos de subdelegado de polícia, Juiz Municipal e 1º suplente de Juiz de Órfãos, em Caçapava do Sul, onde, também, elegeu-se vereador. Voltou a ocupar a cadeira de deputado provincial nas legislaturas de 1848/49 a 1854/55, e de 1863/66. Desta casa saíram importantes decisões das ações farroupilhas, como a ordem de invadir a Cidade de Laguna e onde Giuseppe Garibaldi decidiu pela construção dos lanchões com os quais os farrapos seguiram para SC através da Lagoa dos Patos, fundando neste estado a República Juliana.
Entre os anos de 1902 a 1908 a casa foi sede do Clube União Caçapavana, e na década de 1950, do Clube 14 de Júlio, também conhecido como o Clube dos Morenos. Na década de 1930 a casa teria sido reformada por Percival Antunes, que a adquiriu e restaurou, preservando os seus aspectos originais. Em 1970 teria abrigado a sede do Museu Lanceiros do Sul. Atualmente encontra-se à venda e parcialmente arruinada e comprometida.
Entre os anos de 1902 a 1908 a casa foi sede do Clube União Caçapavana, e na década de 1950, do Clube 14 de Júlio, também conhecido como o Clube dos Morenos. Na década de 1930 a casa teria sido reformada por Percival Antunes, que a adquiriu e restaurou, preservando seus aspectos originais.
A Casa dos Ministérios foi tombada pelo IPHAE - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado do Rio Grande do Sul através da Portaria
05/94 de 24.02.94, em razão de sua relevância histórica em relação à Revolução Farroupilha, ocorrida no Estado entre os anos de 1835 a 1945. O tombamento, no entanto, não garantiu a sua plena preservação histórica e arquitetônica.
Desde o ano de 2018 existe um projeto de preservação e transformação do local, desenvolvido pelo Instituto Cavaleiros Farroupilhas da Cidade de Eldorado do Sul, em conjunto com a H&S arquitetos associados para a realização de uma intervenção cultural na Casa dos Ministérios de Caçapava do Sul. O projeto envolve a compra do Imóvel dos atuais proprietários e a transformação do local em um espaço cultural. Detalhes do projeto e da fachada encontram-se no final deste vídeo, e também nos links da descrição. O projeto, no entanto, encontra dificuldades de execução físico-financeira e de interesse político, como qualquer outro projeto cultural desenvolvido no país.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

Visitando o Antigo Prédio e o Museu da Brigada Militar em Porto Alegre


Visitando o Antigo Prédio e o Museu da Brigada Militar em Porto Alegre. O atual prédio do Comando Geral da Brigada Militar do RS e seu Museu está localizado na Rua dos Andradas, Centro Histórico de Porto Alegre. É um projeto do Engenheiro Teophilo Borges de Barros e foi concluído em 13 de maio de 1929. Foi construído para substituir o antigo prédio de 1897 que existia no local e que já era a sede do comando da corporação. Uma foto deste antigo prédio encontra-se no final deste vídeo.
As instalações compõem-se de duas estruturas distintas, uma onde está instalado o Museu da Brigada MIlitar, que possui uma fachada com características Art Nouveau em seu segundo piso, e outra ao lado desta, com a denominação QUARTEL GENERAL em sua fachada, onde está instalado o Comando Geral da Corporação, construída no estilo eclético. A parte que abriga o Museu apresenta dois pavimentos, com duas portas estreitas e janelas no térreo. O piso superior têm pequenas sacadas redondas em alvenaria, e a abertura central mostra um balcão com gradil de ferro trabalhado, com ornamentação em motivos florais. Acima um grande florão rodeia um cisne em relevo, de asas abertas, sob duas grandes volutas em estilo manuelino. Existe ainda outro pavimento que destoa completamente do conjunto arquitetônico, construido posteriormente. Oficialmente, a Brigada Militar considera como data de criação o dia 18 de novembro de 1837, quando tinha o nome de Força Policial. E mesmo esta data também é controversa. Em 1892 então, por ato assinado pelo então Secretário de Estado dos Negócios do Interior e à época Presidente do Estado do Rio Grande do Sul interinamente, Fernando Abbott, foi decretada oficialmente a criação da Brigada Militar. A corporação que foi criada durante a Guerra dos Farrapos teve ao longo do tempo diversas denominações, a saber: Força Policial (1837 e 1873), Corpo Policial (1841 e 1892),Guarda Cívica (1889 e junho de 1892), Brigada Policial (junho de 1892) e, finalmente, Brigada Militar (outubro de 1892). O Patrono da Brigada Militar é o Coronel Affonso Emílio Massot, que foi instituído patrono em virtude de ter sido o comandante-geral que dedicou a maior parte de sua existência ao serviço do Estado e da Corporação e ter se destacado na revolução federalista do RS no posto de Capitão. Nasceu no Município de Pelotas, no RS, em outubro de 1865 e morreu em Porto Alegre no ano de 1925. O verdadeiro prédio do Museu da Brigada Militar não é este, mas sim o prédio da Linha de Tiro, que foi inaugurada em 20 de novembro de 1910 e que era usado como local de treinamento para o manuseio de armas de fogo pela corporação. Uma foto deste prédio encontra-se ao final deste vídeo. O Museu da Brigada Militar foi idealizado em 1947 pelo então tenente Hélio Moro Mariante, para preservar a história e guardar a memória da Brigada Militar gaúcha. Em março de 1987 o Museu da Brigada foi oficialmente instalado no prédio da Linha de Tiro, localizado junto à Academia de Polícia Militar, no bairro Partenon, em Porto Alegre. O Museu da Brigada Militar foi transferido para a área do Quartel-General no ano de 2001, quando começaram as obras de reforma do antigo prédio da Linha de Tiro, que sofria uma infestação de cupins. As obras, neste ano de 2018, embora estejam na fase final de restauração, ainda não foram concluídas. O acervo do Museu compões-se de importantes coleções de revistas e livros que retratam a história da Brigada Militar, além de uma variedade de objetos, mobiliários, peças de fardamento, medalhas e armas que resgatam a memória da corporação. Sua biblioteca possui entre outras raridades a coleção completa da Revista do Globo (1.100 edições do período entre 1929 e 1967) e documentos dos séculos XIX e XX

terça-feira, 8 de dezembro de 2020

Em Busca das Ruínas da Antiga Estação Abandonada

Sede da Comunidade de Canabarro, interior do Distrito de Boca do Monte, no Município de Santa Maria, no Estado do Rio Grande do Sul, onde existiu a antiga estação de trens de Canabarro.

A localidade hoje conta com algumas poucas casas e nenhum comércio, tendo vivido os seus melhores dias quando ainda funcionava no local a antiga estação e uma antiga cooperativa de arroz, ambos os prédios, um destruído e outro em ruínas.
Ao final do século XIX e metade do século XX, Canabarro era um local muito movimentado, que além da Estação Férrea e da produção da Cooperativa, era também também a estrada principal que ligava Santa Maria à Cidade vizinha de São Pedro do Sul.
Antes da construção da BR-287 que hoje faz a ligação asfáltica entre Santa Maria e São Pedro do Sul, todo o tráfego da região da fronteira do RS passava por Canabarro. No auge deste tempo, 28 ônibus diários de diferentes cidades passavam pelo local.

Com a chegada da estação e dos trens, a comunidade nasceu e se desenvolveu em torno dela. Canabarro chegou a abrigar 24 casas de ferroviários e outras 28 casas de trabalhadores locais. Hoje pouco mais de uma dezena de casas ainda existem no lugar.
Toda a produção de arroz da região era processada e comercializada pela cooperativa do local, pois os trens eram usados como meio de transporte de carga e também de passageiros. Hoje apenas trens cargueiros cruzam pelo local, e a estrutura da ferrovia que ainda existe em Canabarro serve apenas como pátio de manobra de locomotivas.

O local abrigava um grande bolicho de campanha (armazém) de propriedade de Dilceu Cassanego, onde eram vendidos produtos da região e de outras cidades como Santa Cruz do Sul, Candelária e Porto Alegre. As mercadorias chegavam pela ferrovia e eram desembarcadas na antiga estação ferroviária de Canabarro e revendidas no comércio local e regional.
Nesta estação passaram os lendários trens farroupilha, minuano e o pampeiro, cujas fotos encontram-se no final do vídeo. Os trens de passageiros pararam no ano de 1996. Hoje a antiga estação de Canabarro, como poderá se ver agora, já não existe mais.
O nome da antiga estação de Canabarro se originou do nome do povoado, e corresponde a uma homenagem ao General David José Martins Canabarro, que viveu de 1793 a 1867 e foi um dos Líderes da Revolução Farroupilha, ocorrida no RS de 1835 a 1845.
O prédio da antiga estação ferroviária foi construído em 1890 como uma estação da linha Porto Alegre-Uruguaiana, pertencente a empresa federal E. F. Porto Alegre-Uruguaiana, fundada no ano de 1883, mais tarde incorporada pela Auxiliare, VFGRS. e RFFSA.