segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

A Incrível História do Monumento ao Imigrante Italiano da Localidade de ...


Monumento ao Imigrante Italiano, reconstruído entre os anos de 1997/98 na localidade de São Marcos, pertencente ao Distrito de Arroio Grande, na Cidade de Santa Maria - Estado do Rio Grande do Sul. O Monumento ao Imigrante Italiano da localidade de São Marcos foi idealizado pela comunidade local em conjunto com a Associação Italiana de Santa Maria - AISM, e foi reconstruído seguindo as linhas gerais do antigo monumento que existiu no local até o ano de 1942.
O primeiro monumento que existiu no local foi erguido em homenagem aos soldados italianos mortos na guerra da Líbia, um conflito armado entre o Império Otomano e o Reino da Itália pela posse da Líbia, entre os anos de 1911 e 1912. As fotos deste monumento aparecem no final do vídeo. O antigo monumento foi idealizado pela Sociedade Italiana Duca Degli Abruzzi, que existia na comunidade desde o ano de 1896, liderada pelo morador Andrea Pozzobon, que também era um dos idealizadores da construção do monumento.
O Monumento original foi construído em 1913, e deveria ter sido erguido em frente à praça da Capela de São Marcos, porém não houve autorização da autoridade eclesial da época. Assim, o monumento foi construído em área pertencente a Andrea Pozzobon, do lado oposto onde hoje se encontra o novo monumento. Andrea Pozzobon e seus confrades da La Societá Italiana Pátria e Socorro Duca Degli Abruzzi eram imigrantes que traziam o sentimento de italianidade, defensores de um ideal libertário e renovador, fortemente influenciados pelos movimentos carbonários e garibaldinos que fizeram a Unificação da Itália.

Nesta época, a igreja era um centro aglutinador das Colônias que se desenvolviam à partir de sua centralidade. Havia, no entanto, uma divisão eclesiástica na região que influenciava na formação e na rivalidade entre as comunidades da região, dentre as quais São Marcos estava envolvida. Havia a Diocese da Cidade de Silveira Martins que cuidava de diversas comunidades locais, dentre as quais a Capela de São Marcos, cujos padres eram de formação mais liberal, e havia também a presença dos Padres Palotinos na região, estes defensores de uma igreja mais ultramontana e conservadora.
A igreja Romana não via com bons olhos e não incentivava os sentimentos de nacionalismo e italianidade nas colônias italianas no Brasil, uma vez que a unificação e a criação do Reino da Itália havia tomado as terras Papais na Europa. E a Congregação de Padres Palotinos instalada na região seguia a linha da Igreja Romana. Na época de construção do primeiro monumento, a Capela de São Marcos era subordinada ao Curato de Arroio Grande, que era comandado pelos Padres Palotinos, e estes contavam com o apoio da autoridade eclesiástica regional. Este foi o motivo que levou a não autorização da construção do antigo monumento em frente a Capela de São Marcos. O alinhamento com a autoridade e o pensamento papal.

O Monumento, no entanto, foi construído pela Sociedade Duca Degli Abruzzi, na área doada pelo imigrante Andrea Pozzobon em 1913, com a presença do consulado italiano, do intendente de Santa Maria, e representantes dos governos federal, estadual, do exército e do periódico da Loja Maçônica “Paz e Trabalho.” No ano de 1925 o antigo monumento recebeu uma nova lápide e também a colocação de um busto que representava Vittorio Emanuele III, Rei da Itália de 1900 a 1946, e também uma efígie do leão de São Marcos, que representa a Cidade italiana de Veneza e a região do Vêneto, de onde eram originários os imigrantes que se estabeleceram em São Marcos.
Com o advento da Segunda Guerra Mundial e a adesão da Itália aos países do Eixo, movimentos de intolerância contra imigrantes alemães, japoneses e italianos se deram em todo o país. E na comunidade de São Marcos, assim como em toda a região, não foi diferente. Em 1941 a Sociedade Duca Degli Abruzzi foi extinta e o Monumento aos soldados italianos mortos na Guerra da Líbia foi demolido em 1942, a mando do chefe de polícia local. Apenas no final dos anos de 1990 é que o mesmo foi reconstruído, agora em homenagem aos imigrantes italianos que construíram a comunidade de São Marcos na Cidade de Santa Maria.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2023

A História dos Primeiros Conjuntos Residenciais da Cidade de Santa Maria


Vídeo dos Conjuntos residenciais da Rua Barão do Triunfo, construídos no período dos anos de 1930 a 1950, entre as Ruas Silva Jardim, Andradas e Venâncio Aires, no Município de Santa Maria - RS. O primeiro conjunto está localizado entre as Ruas Silva Jardim e Andradas, e foi construído entre 1930/1935, e compõe-se de 08 casas com cobertura de telhas coloniais e acabamento externo com reboco texturizado.

Construído originalmente pela família Schimdt, o conjunto representa, junto com outros empreendimentos da época, ao tipo de construções populares que eram desenvolvidos na Cidade de Santa Maria até a metade do século XX. Os conjuntos residenciais correspondiam ao que hoje conhecemos por condomínios residenciais, e visavam a atender a demanda por moradias populares em razão do grande aumento populacional proporcionado pelo movimento ferroviário na Cidade.

A construção de conjuntos residenciais era uma tendência na Cidade desde a construção da Vila Belga, cuja construção se deu em 1906 pela concessionária da ferrovia e que era destinada à moradia de seus funcionários e ferroviários. Na década de 1940, na gestão do Prefeito Antônio Xavier da Rocha, foi criada lei que incentivava a criação de conjuntos residenciais, oferecendo desconto de impostos em edificações que fossem construídas em harmonia arquitetônica.

A chegada da Ferrovia no final do Século XIX motivou a implantação de empreendimentos imobiliários, que se consolidaram nas décadas seguintes. A Ferrovia representou importante surto de desenvolvimento urbano na Cidade. Dessa forma, diversos outros conjuntos como esses foram criados na cidade, como os que ainda existem nas Ruas Astrogildo de Azevedo, Tuiuti, Duque de Caxias e Dr. Bozano, entre outros espalhados pelo Município.

No meio da quadra, algumas casas desse conjunto residencial foram demolidas para dar espaço ao estacionamento e entrada lateral do Hospital Regional da Unimed, que atualmente funciona no local. O segundo conjunto está localizado entre as Ruas Andradas e Venâncio Aires, e foi construído entre 1940/1950. Originalmente era composto por 15 casas, geminadas e isoladas, e hoje encontra-se parcialmente descaracterizado. Sua arquitetura representa a influência do Movimento Art Déco, muito presente nas construções desse período na Cidade. Denominado de Edifício Bom-Fim, foi construído originalmente pela Família Furtado. Da mesma maneira, foram edificados para atender a forte demanda por moradias populares na Cidade em função da concentração das atividades da Companhia Viação Férrea do Rio Grande do Sul - VFGRS, mais tarde RFFSA.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2023

O Antigo Santuário de São Rafael e o Memorial Barbara Maix em Porto Alegre


Na atual Rua Riachuelo, no Centro Histórico de Porto Alegre, foi erguida no ano de 1877 a Capela de São Rafael. Junto ao Santuário localiza-se o Memorial Bárbara Maix, que reúne um precioso acervo histórico e religioso, integrando o Instituto Coração de Maria, pertencente à congregação das Irmãs do Imaculado Coração de Maria. A Capela de São Rafael foi mandada construir por Dom Sebastião Laranjeira, segundo bispo do Estado do Rio Grande do Sul, no ano de 1877, em decorrência de uma promessa pessoal por ele ter se curado de uma grave enfermidade após a sua participação no Concílio Vaticano I, ocorrido na Europa. São Rafael corresponde ao nome de um arcanjo, evocado para todos os tipos de cura, do qual o bispo era devoto.

Quando a Capela de São Rafael ficou pronta, o Bispo Sebastião mandou construir em sua frente a gruta de Nossa Senhora de Lourdes, benzendo-a com a água que ele trouxe diretamente da fonte de Lourdes. Esta foi a primeira gruta construída na Cidade de Porto Alegre, a Gruta em homenagem à Nossa Senhora de Lourdes. O projeto da Capela foi executado pelo arquiteto João Grunewalt, e a pintura original pelo Irmão Jesuíta João Batista Kraus. Os quadros, que representam a Via Sacra de Jesus Cristo, vieram da Cidade de Viena, na Áustria, no ano de 1849. O Santuário abriga a urna com os restos mortais da Bem Aventurada Bárbara Maix.

Em 1866, Dom Sebastião doou às irmãs do Imaculado Coração de Maria a Capela de São Rafael. Doou também alfaias litúrgicas, um carrilhão composto de 10 sinos que se encontram na torre, e as imagens do Coração de Jesus e do Coração de Maria. A abóbada interna da Capela, com motivos bíblicos, foi concebida pelo pintor Emilio Sessa. Toda a construção da Capela segue a arquitetura da Escola Neoclássica. Em suas horas de meditação na Igreja de Nossa Senhora da Escada, na Áustria, Bárbara Maix percebeu a necessidade de se embrenhar na solução dos graves problemas sociais de seu tempo. Em 1843, Bárbara reuniu 17 jovens que eram guiadas sob a orientação espiritual e apoio do Padre Redentorista João Nepomuceno Pockl, já com a idéia de criar uma congregação religiosa dedicada ao Coração de Maria.

Bárbara Maix nasceu em Viena, Áustria, em 1818. Filha de Joseph Maix e Rosália Mauritz. Seu pai era camareiro do imperador Francisco Carlos, da Áustria, no palácio de Schonbrunn, mas a sua família vivia em uma situação econômica bastante precária. Tornou-se órfã de pai e mãe aos 15 anos, perdendo, inclusive, a sua casa. Devido à perseguição religiosa movida pela revolução de 1848, ela embarcou para o Brasil com mais 21 companheiras, chegando à Cidade do Rio de Janeiro depois de 57 dias de viagem. No dia 08 de Maio de 1849, fundou a Congregação das Irmãs do Imaculado Coração de Maria. Bárbara Maix faleceu no dia 17 de Março de 1873.

Bárbara Maix foi proclamada Bem Aventurada pelo Papa Bento XVI em Novembro de 2010. A beatificação foi celebrada em Porto Alegre, no Ginásio Gigantinho. O motivo deve-se ao milagre intercedido por ela no salvamento do menino Onorino Ecker, que sofreu gravíssimas queimaduras em 1944. Sua congregação existe há mais de um século e atua em oito países pelo mundo.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2023

A Casa dos Ministérios da Revolução Farroupilha do Rio Grande do Sul


Casa que pertenceu a José Pinheiro de Ulhoa Cintra, conhecida como a Casa dos Ministérios ou a Casa de Reuniões dos Farrapos, localizada no Centro Histórico da Cidade de Caçapava do Sul, no Estado do Rio Grande do Sul. Foi construída em algum momento entre os anos de 1800 a 1839. Neste ano já estava construída, pois foi sede de diversos ministérios da República Rio-Grandense ou República do Piratini, onde os comandantes da Revolução Farroupilha realizavam as suas reuniões e deliberações.

A construção representa com clareza a arquitetura Colonial Luso-Brasileira da primeira década do século XVIII. Foi construída na esquina sobre o alinhamento dos passeios públicos, em planta retangular. Possui cobertura em quatro águas, telha capa-e-canal, telhado galbado com beiral e cimalha, e aberturas com verga em arco abatido e cercadura. O acesso à construção se dá pela rua, através de grandes portas de madeira com escadas que chegam à calçada. Na fachada externa ainda aparecem elementos de decoração e o brasão supostamente da Família Cintra, gravado em alto relevo entre as janelas.

Nesta casa também funcionou a tipografia e as instalações do jornal O POVO, redigido pelo revolucionário italiano Luigi Rossetti com a colaboração de Domingos José de Almeida, e que era intitulado como o jornal político, literário e ministerial da República Rio Grandense. No dia 09 de janeiro de 1839, em plena realização da Revolução Farroupilha, os revolucionários farrapos transferiram a Capital da República Rio Grandense da Cidade de Piratini para a Cidade de Caçapava do Sul, em busca de maior segurança militar para o alto comando revolucionário.

Após o fim da Revolução farroupilha em 1845, a casa tornou-se residência do ex-ministro Ulhoa Cintra e sua família, que mais tarde exerceu os cargos de subdelegado de polícia, Juiz Municipal e 1º suplente de Juiz de Órfãos, em Caçapava do Sul, onde, também, elegeu-se vereador. Voltou a ocupar a cadeira de deputado provincial nas legislaturas de 1848/49 a 1854/55, e de 1863/66. Desta casa saíram importantes decisões das ações farroupilhas, como a ordem de invadir a Cidade de Laguna e onde Giuseppe Garibaldi decidiu pela construção dos lanchões com os quais os farrapos seguiram para SC através da Lagoa dos Patos, fundando neste estado a República Juliana.

Entre os anos de 1902 a 1908 a casa foi sede do Clube União Caçapavana, e na década de 1950, do Clube 14 de Júlio, também conhecido como o Clube dos Morenos. Na década de 1930 a casa teria sido reformada por Percival Antunes, que a adquiriu e restaurou, preservando os seus aspectos originais. Em 1970 teria abrigado a sede do Museu Lanceiros do Sul. Atualmente encontra-se à venda e parcialmente arruinada e comprometida. Entre os anos de 1902 a 1908 a casa foi sede do Clube União Caçapavana, e na década de 1950, do Clube 14 de Júlio, também conhecido como o Clube dos Morenos. Na década de 1930 a casa teria sido reformada por Percival Antunes, que a adquiriu e restaurou, preservando seus aspectos originais.

A Casa dos Ministérios foi tombada pelo IPHAE - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado do Rio Grande do Sul através da Portaria 5/94 de 24.02.94, em razão de sua relevância histórica em relação à Revolução Farroupilha, ocorrida no Estado entre os anos de 1835 a 1945. O tombamento, no entanto, não garantiu a sua plena preservação histórica e arquitetônica. O projeto envolve a compra do Imóvel dos atuais proprietários e a transformação do local em um espaço cultural. Detalhes do projeto e da fachada encontram-se no final deste vídeo, e também nos links da descrição. O projeto, no entanto, encontra dificuldades de execução físico-financeira e de interesse político, como qualquer outro projeto cultural desenvolvido no país. Desde o ano de 2018 existe um projeto de preservação e transformação do local, desenvolvido pelo Instituto Cavaleiros Farroupilhas da Cidade de Eldorado do Sul, em conjunto com a H&S arquitetos associados para a realização de uma intervenção cultural na Casa dos Ministérios de Caçapava do Sul.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

Visitando o Antigo Prédio e o Museu da Brigada Militar em Porto Alegre


Visitando o Antigo Prédio e o Museu da Brigada Militar em Porto Alegre. O atual prédio do Comando Geral da Brigada Militar do RS e seu Museu está localizado na Rua dos Andradas, Centro Histórico de Porto Alegre. É um projeto do Engenheiro Teophilo Borges de Barros e foi concluído em 13 de maio de 1929. Foi construído para substituir o antigo prédio de 1897 que existia no local e que já era a sede do comando da corporação. Uma foto deste antigo prédio encontra-se no final deste vídeo. As instalações compõem-se de duas estruturas distintas, uma onde está instalado o Museu da Brigada MIlitar, que possui uma fachada com características Art Nouveau em seu segundo piso, e outra ao lado desta, com a denominação QUARTEL GENERAL em sua fachada, onde está instalado o Comando Geral da Corporação, construída no estilo eclético.

A parte que abriga o Museu apresenta dois pavimentos, com duas portas estreitas e janelas no térreo. O piso superior têm pequenas sacadas redondas em alvenaria, e a abertura central mostra um balcão com gradil de ferro trabalhado, com ornamentação em motivos florais. Acima um grande florão rodeia um cisne em relevo, de asas abertas, sob duas grandes volutas em estilo manuelino. Existe ainda outro pavimento que destoa completamente do conjunto arquitetônico, construido posteriormente. O Patrono da Brigada Militar é o Coronel Affonso Emílio Massot, que foi instituído patrono em virtude de ter sido o comandante-geral que dedicou a maior parte de sua existência ao serviço do Estado e da Corporação e ter se destacado na revolução federalista do RS no posto de Capitão. Nasceu no Município de Pelotas, no RS, em outubro de 1865 e morreu em Porto Alegre no ano de 1925.

Oficialmente, a Brigada Militar considera como data de criação o dia 18 de novembro de 1837, quando tinha o nome de Força Policial. E mesmo esta data também é controversa. Em 1892 então, por ato assinado pelo então Secretário de Estado dos Negócios do Interior e à época Presidente do Estado do Rio Grande do Sul interinamente, Fernando Abbott, foi decretada oficialmente a criação da Brigada Militar. A corporação que foi criada durante a Guerra dos Farrapos teve ao longo do tempo diversas denominações, a saber: Força Policial (1837 e 1873), Corpo Policial (1841 e 1892),Guarda Cívica (1889 e junho de 1892), Brigada Policial (junho de 1892) e, finalmente, Brigada Militar (outubro de 1892).

O Museu da Brigada Militar foi transferido para a área do Quartel-General no ano de 2001, quando começaram as obras de reforma do antigo prédio da Linha de Tiro, que sofria uma infestação de cupins. As obras, neste ano de 2018, embora estejam na fase final de restauração, ainda não foram concluídas. O verdadeiro prédio do Museu da Brigada Militar não é este, mas sim o prédio da Linha de Tiro, que foi inaugurada em 20 de novembro de 1910 e que era usado como local de treinamento para o manuseio de armas de fogo pela corporação. Uma foto deste prédio encontra-se ao final deste vídeo. O Museu da Brigada Militar foi idealizado em 1947 pelo então tenente Hélio Moro Mariante, para preservar a história e guardar a memória da Brigada Militar gaúcha. Em março de 1987 o Museu da Brigada foi oficialmente instalado no prédio da Linha de Tiro, localizado junto à Academia de Polícia Militar, no bairro Partenon, em Porto Alegre.

O acervo do Museu compões-se de importantes coleções de revistas e livros que retratam a história da Brigada Militar, além de uma variedade de objetos, mobiliários, peças de fardamento, medalhas e armas que resgatam a memória da corporação. Sua biblioteca possui entre outras raridades a coleção completa da Revista do Globo (1.100 edições do período entre 1929 e 1967) e documentos dos séculos XIX e XX.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2022

Em Busca das Ruínas da Antiga Estação Abandonada


Sede da Comunidade de Canabarro, interior do Distrito de Boca do Monte, no Município de Santa Maria, no Estado do Rio Grande do Sul, onde existiu a antiga estação de trens de Canabarro.
A localidade hoje conta com algumas poucas casas e nenhum comércio, tendo vivido os seus melhores dias quando ainda funcionava no local a antiga estação e uma antiga cooperativa de arroz, ambos os prédios, um destruído e outro em ruínas. Ao final do século XIX e metade do século XX, Canabarro era um local muito movimentado, que além da Estação Férrea e da produção da Cooperativa, era também também a estrada principal que ligava Santa Maria à Cidade vizinha de São Pedro do Sul.

Antes da construção da BR-287 que hoje faz a ligação asfáltica entre Santa Maria e São Pedro do Sul, todo o tráfego da região da fronteira do RS passava por Canabarro. No auge deste tempo, 28 ônibus diários de diferentes cidades passavam pelo local. Com a chegada da estação e dos trens, a comunidade nasceu e se desenvolveu em torno dela. Canabarro chegou a abrigar 24 casas de ferroviários e outras 28 casas de trabalhadores locais. Hoje pouco mais de uma dezena de casas ainda existem no lugar.

Toda a produção de arroz da região era processada e comercializada pela cooperativa do local, pois os trens eram usados como meio de transporte de carga e também de passageiros. Hoje apenas trens cargueiros cruzam pelo local, e a estrutura da ferrovia que ainda existe em Canabarro serve apenas como pátio de manobra de locomotivas. O local abrigava um grande bolicho de campanha (armazém) de propriedade de Dilceu Cassanego, onde eram vendidos produtos da região e de outras cidades como Santa Cruz do Sul, Candelária e Porto Alegre. As mercadorias chegavam pela ferrovia e eram desembarcadas na antiga estação ferroviária de Canabarro e revendidas no comércio local e regional.

Nesta estação passaram os lendários trens farroupilha, minuano e o pampeiro, cujas fotos encontram-se no final do vídeo. Os trens de passageiros pararam no ano de 1996. Hoje a antiga estação de Canabarro, como poderá se ver agora, já não existe mais. O nome da antiga estação de Canabarro se originou do nome do povoado, e corresponde a uma homenagem ao General David José Martins Canabarro, que viveu de 1793 a 1867 e foi um dos Líderes da Revolução Farroupilha, ocorrida no RS de 1835 a 1845. O prédio da antiga estação ferroviária foi construído em 1890 como uma estação da linha Porto Alegre-Uruguaiana, pertencente a empresa federal E. F. Porto Alegre-Uruguaiana, fundada no ano de 1883, mais tarde incorporada pela Auxiliare, VFGRS. e RFFSA.


segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

A Capela de São Pedro em Ribeirão e a História do Diácono João Luiz Pozz...


A Capela de São Pedro em Ribeirão e a História do Diácono João Luiz Pozzobon. Capela de São Pedro, na localidade e Distrito de Ribeirão, interior do Município de São João do Polêsine, região central do Estado do RS. O Conjunto arquitetônico apresenta-se construído em estilo eclético, com predominância de traços do estilo barroco. A Capela atual foi construída em 1917, tendo sido reformada e ampliada em 1955. A torre de sinos de alvenaria tem a sua construção datada de 1942. Antes dela existiram duas torres de madeira. A frase escrita em latim na fachada da Capela significa "Ao dedicado Príncipe dos Apóstolos", em alusão ao Apóstolo católico São Pedro.

Em 1909 consta a doação do terreno para a construção da Capela. Entre os seus construtores estão os sobrenomes Biazus, Rapcetini e Baldissera. Na construção da torre constam os nomes de Guido Carlos Pasini, que a desenhou, e dos pedreiros Vicente Vendrame, Albino Guarienti e Augusto Sppat. A Capela ou a Igreja eram os núcleos centrais das comunidades de imigrantes vindos da Itália. Os responsáveis por suas construções e administração eram denominados fabriqueiros. Geralmente eram pessoas de destaque e prestígio entre a comunidade.

Originalmente a localidade era conhecida por Ribeirão Aquiles, uma vez que as primeiras casas foram construídas próximas ao ribeirão de nome Aquiles, existente no local. A localidade também era conhecida, em seus primórdios, por Picada do Ribeirão. O núcleo de povoamento de Ribeirão foi fundado em 1880, recebendo imigrantes italianos que chegavam da Colônia de Silveira Martins. A primeira Capela da comunidade teria sido construída de madeira, provavelmente entre os anos de 1884 e 1888. Além das atividades religiosas, a Capela era utilizada também como escola da comunidade durante os dias de semana.

Inicialmente estas terras foram doadas às famílias Martins Pinto e Marques, e adquiridas pelas famílias Sertório Leite e Peixoto de Oliveira, que as venderam ao comerciante Manoel Py. Este nomeou seu procurador o imigrante Paulo Bortoluzzi (um dos fundadores de Vale Vêneto) para realizar a comercialização das terras em lotes entre os imigrantes interessados. As terras que abrigam a comunidade de Ribeirão, assim como todas as que hoje constituem o Município de São João do Polêsine, correspondiam a grandes extensões de terras devolutas que foram doadas pelo Império do Brasil a ex-combatentes da Guerra do Paraguai.

Na comunidade de Ribeirão nasceu o Diácono João Luiz Pozzobon, que recebeu do Vaticano, na cidade de Roma-Itália, o título de "Servo de Deus" no ano de 2009. No mesmo local corre, desde o ano de 1994, um processo de beatificação e santificação que visa a tornar João Luiz Pozzobon un Santo da Igreja Católica. Foi nesta Capela consagrada ao Apóstolo São Pedro que João Luiz Pozzobon recebeu o seu batismo, a crisma e também a sua primeira eucaristia, e onde casou-se com Teresa Turcato em 1928. Foi nesta mesma Capela que ele iniciou a campanha da Mãe Peregrina Três Vezes Admirável de Schoenstadt, no ano de 1950, atraindo admiradores e devotos por todo o mundo.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2022

A Arquitetura e a História da Escola Dinarte Ribeiro da Cidade de Caçapa...


Instalações do Instituto Estadual de Educação Dinarte Ribeiro, localizado no Centro Histórico da Cidade de Caçapava do Sul, região central do Estado do Rio Grande do Sul. A Escola oferece, no ano de 2020, ensino fundamental, ensino médio diurno e noturno, e diversos cursos profissionalizantes para mais de mil alunos matriculados, contando com uma equipe de, aproximadamente, 60 professores e 18 funcionários. De arquitetura eclética do início do século XX, destacam-se no hall da entrada do edifício duas colunas toscanas que sustentam um frontão triangular, onde aparece o nome da Escola em alto relevo, com destaque para uma grande porta de madeira, janelas com beirais e floreiras no piso superior.

A construção teve início no ano de 1934 e sua inauguração se deu em 20 de Setembro do ano de 1935, no governo do General José Antônio Flores da Cunha. Antes, a escola funcionava desde o ano de 1919 com a denominação de Grupo Escolar, e mais tarde, em 1921, com a denominação de Escola Elementar de Caçapava em outro prédio ainda existente no Município, cuja foto junto de outras da Escola estarão ao final deste vídeo. O projeto arquitetônico deste prédio, assim como o de outros prédios construídos pelo Estado nesta mesma época, seguiam projetos comuns que eram desenvolvidos no âmbito da Diretoria de Instrução Pública e da Diretoria de Obras Públicas do RS. Eles expressavam, por suas características de monumentalidade, localização e ornamentação, os ideais, o pensamento e o desejo do tipo de escola da sociedade e dos governos da época.

A Escola mudou sua denominação à partir do decreto Estadual 6.072 de 02 /10/1935, em homenagem a um personagem ilustre nascido na Cidade de Caçapava do Sul: Dinarte José Pereira Ribeiro. Dinarte Ribeiro nasceu em 1854 e foi filho de João Carlos Ribeiro e Maria Rodrigues Ribeiro, tendo sido casado com Bevenuta Seixas Ribeiro. A famíla Seixas representa os últimos descendentes de Dinarte Ribeiro que ainda vivem em Caçapava do Sul. Estes tipos de construção, no entanto, eram dispendiosos e de pouca funcionalidade para a finalidade educacional, e objeto de constantes disputas entre correntes que pensavam a forma de fazer da educação no período, tendo sido abandonados entre as décadas de 1930-40. Correspondem, no entanto, a importante patrimônio histórico-educativo da cultura material escolar do estado do Rio Grande do Sul.

Dinarte Ribeiro tinha convicções republicanas, e na vigência do Regime Imperial assumiu o cargo de Chefe da Estação Telegráfica em Caçapava do Sul. Ainda sob a vigência do regime, fundou junto de Antão de Faria o Clube Republicano na Cidade, onde pregava o fim do Império e a instalação da República. Por este ato de insubordinação ao Império recebeu ordem de transferência para a Cidade de Passo Fundo no ano de 1888. Dinarte Ribeiro tornou-se jornalista e oposicionista do Governo de Julio de Castilhos, escrevendo no Jornal "O Rio Grande". Em razão de sua posição política e a eclosão da Revolução Federalista em 1893, cuja violência instituiu o termo "colorada" na história do RS, ou seja, o degolamento em massa e a morte dos prisioneiros, Dinarte Ribeiro, após ter sido inicialmente preso, refugiou-se na República da Argentina.

Dinarte Ribeiro preferiu demitir-se de suas funções e não aceitar a sua transferência. Mais tarde, proclamada a república, de quem foi um dos grandes defensores e lutadores da causa, transferiu-se para a Cidade de Porto Alegre no ano de 1889, agora nomeado em razão de sua atuação política como o Diretor de Estatística do Estado do Rio Grande do Sul, cargo que ocupou por aproximadamente um ano. Em 1892 foi nomeado Diretor Geral da Instrução Pública do Estado do Rio Grande do Sul, cargo que hoje se equivaleria a Secretário da Educação do Estado. Suas convicções políticas , no entanto, alinhadas a nomes como Demétrio Ribeiro, Barros Cassal, Ramiro Barcellos, dentre outros, o levaram a romper com as idéias positivistas de Julio de Castilhos, então eleito Governador do Estado no ano de 1893. Bem mais tarde, Dinarte Ribeiro foi nomeado para o cargo de Secretário Geral do Arsenal de Guerra da Cidade de Porto Alegre, no ano de 1910, função esta que ele desempenhou até o ano de 1919, quando veio a falecer.

segunda-feira, 28 de novembro de 2022

O Antigo Casarão da Família Cortiana no Interior da Cidade de Jaguari


O Antigo Casarão da Família Cortiana no Interior da Cidade de Jaguari. Antigo casarão construído em 1909 por Maximiliano Cortiana, na localidade de marmeleiro, interior do Município Gaúcho de Jaguari. A Família Cortiana foi uma das muitas famílias que emigraram diretamente da Itália para a região de Jaguari e ali se estabeleceram. A casa apresenta uma simbiose de influências de arquitetura italiana e portuguesa, de muita harmonia e de aparente conservação e beleza.

Chama a atenção a presença de uma platibanda que esconde o telhado da construção, característica pouco comum nas construções desta época nesta região. A ornamentação superior e lateral destacam-se aos olhos e dão à casa um aspecto de beleza singular. Numa delas surge uma estrela de David. A propriedade atualmente pertence aos herdeiros de David Cortiana, um dos filhos do construtor original, também já falecido. Em frente a casa encontra-se o prédio da antiga escola estadual Maximiliano Cortiana, hoje já extinta.

No local, a época do pai e filhos, havia no local uma olaria para a fabricação de tijolos que já encontra-se destruída. A construção que aparece ao lado da casa, feita de tijolos, corresponde a uma antiga estufa de secagem de fumo, também já desativada, e que também já foi utilizada como moradia. Hoje serve de galpão para guardar objetos da propriedade.

Maximiliano Cortiana foi um dos fundadores da Cooperativa de produtores de Jaguari, a COOPERATIVA AGRÍCOLA SÃO JOSÉ. Seu nome batiza a rua onde fica a sede da mesma. Maximiliano também foi vereador nos primeiros tempos do Município. Maximiliano Cortiana foi filho de Guglielmo Cortiana e da viúva Lucia Novello, e um dos fundadores da Cooperativa Agrária São José, fundada no ano de 1932, e onde também foi o seu presidente.

segunda-feira, 21 de novembro de 2022

A Estação Férrea Abandonada de São Pedro do Sul


A Estação Férrea Abandonada de São Pedro do Sul. Antiga Estação Ferroviária da Cidade de São Pedro do Sul, região central do Estado do Rio Grande do Sul. A estação, assim como todo o ramal ferroviário da cidade encontram-se atualmente abandonados. A Estação de São Pedro foi inaugurada em 1919, e pertencia ao ramal de São Borja, da linha Porto Alegre-Uruguaiana. A data de construção do prédio atual é e 1929.

Ao final da década de 1880, foi criada uma comissão para a implantação da Linha Porto Alegre-Uruguaiana, a quem este ramal pertencia. Na época algumas linhas pertenciam à Cie Auxiliare, Companhia Belga que explorava as linhas férreas na região central do Estado do Rio grande do Sul. Em meados da década de 1900, a Estação passou a se chamar Estação São Pedro do Sul. A ferrovia, nesta época, pertencia a extinta V.F. Rio Grande do Sul (1919-1975), No entanto, a má gestão da Auxiliare" deram força ao movimento em favor de sua estatização. O movimento foi liderado pelo então deputado federal Augusto Pestana que, em 1920 criou a VFRGS e foi o seu primeiro presidente.

A partir de 1905, todas as ferrovias no Estado foram unificadas sob o nome de VFRGS - Viação Férrea do Rio Grande do Sul. A VFRGS foi entregue à administração da Empresa Belga Compagnie Auxiliare de Chemins de Fer au Bresil que, por sua vez, passou a fazer parte da Brazil Raiways no ano de 1911. Os últimos trens de passageiros passaram nesta estação no ano de 1981. Já a partir da década de 1990 o ramal passou a ser desativado e hoje já se encontra totalmente paralisado e inoperante. O ramal partia da estação da Cidade de Dilermando de Aguiar, passava pelas cidades de São Pedro do Sul, Mata, Jaguari, Santiago e chegava até a Cidade de São Borja, de onde se interligava a Uruguaiana. Todo o ramal de São Borja atualmente encontra-se desativado, e em alguns trechos, inclusive, já se apresenta sem os trilhos.

segunda-feira, 14 de novembro de 2022

O CASARÃO ANTIGO DA PRIMEIRA PADARIA DA CIDADE DE SILVEIRA MARTINS


O CASARÃO ANTIGO DA PRIMEIRA PADARIA DA CIDADE DE SILVEIRA MARTINS. Antigo casarão construído pela Família Lôndero, no Centro da Cidade de Silveira Martins, no RS. O Casarão foi a sede da primeira padaria da Cidade, quando já pertencia à Família Rizzati. Caracterizado como em Estilo Eclético de Transição, o Casarão foi construído por volta do ano de 1900, e mais tarde sofreu reformas que lhe deram diversos elementos neoclássicos, provavelmente entre as décadas de 1930-40.

O Casarão foi adquirido de Francisco Guerino no ano de 1963 pela Familia Rizzati, com o objetivo de alí estabelerem uma padaria. Novas reformas foram executadas para dar ao local a funcionalidade comercial. Segundo os proprietários, as telhas do telhado nunca forma substituídas, nem mesmo nesta reforma. A Cidade de Silveira Martins é conhecida como o Berço da Quarta Colônia de imigração Italiana no Rio Grande do Sul, tendo recebido os primeiros imigrantes na região central do estado do RS, à partir do ano de 1877, quando chegaram na região as primeiras 70 famílias de colonos vindos da Itália.

Em 1886 Silveira Martins é elevada a categoria de Fregueria e a colônia é desmembrada, sendo o seu núcleo central passando a ser Distrito da Cidade de Santa Maria. Apenas em dezembro de 1987, através da lei N. 8.481, Silveira Martins é finalmente emancipada. O nome do Município é homenagem ao político Gaspar Silveira Martins, um uruguaio filho de pais brasileiros que depois radicou-se no Brasil. Foi ele quem apoiou o pedido do Município de Santa Maria da Boca do Monte na concessão das terras devolutas que viriam a sediar a atual sede da Cidade.

O turismo sempre foi uma vocação natural do Local. Nos dias atuais, muitas discussões sobre o tema se fazem presentes e são uma constante na agenda política do Município, que conta com um legado cultural e arquitetônico importante, cercado por belezas naturais desconhecidas e ainda pouco exploradas. Nas primeiras décadas de constituição de seu povoamento, Silveira Martins foi um importante polo turístico regional, quando o Município era muito visitado por turistas que vinham aproveitar o veraneio e seu clima de montanha, atendidos por uma rede de infraestrutura adequada para os padrões da época.


segunda-feira, 7 de novembro de 2022

A Casa Antiga dos Primeiros Imigrantes Italianos de Jaguari


A Casa antiga dos primeiros imigrantes italianos de Jaguari. No vídeo mostraremos uma casa que fica no bairro denominado Consolata, região próxima ao Cemitério Municipal da Cidade de Jaguari, no RS. Trata-se de uma casa antiga e remanescente das primeiras construções dos imigrantes italianos que colonizaram a região, à partir do final do século XIX. A Colônia de imigração de Jaguari surgiu da expansão das terras e do território no entorno da Colônia Imperial de Silveira Martins, que recebeu os primeiros imigrantes italianos da região Central do Estado do RS. Especificamente quanto a casa que aparece neste vídeo, não conseguimos nenhuma informação mais relevante.

Diferente das demais colônias de imigração italiana no RS, onde as primeiras casas eram de madeira, a maioria dos imigrantes que aqui chegaram eram oriundos da região do Vêneto, na Itália, onde dominavam as técnicas construtivas da pedra basalto, que foi adaptada para o uso das construções feitas com tijolos de barro, produzidos pelos próprios imigrantes. Os imigrantes italianos, ao inserirem-se no território gaúcho, dispersaram-se no território, formando novos núcleos habitacionais e criando ilhas culturais que expressavam a sua italianidade. Este foi o caso da Cidade de Jaguari. E a casa em tela mostra uma faceta desta expressividade no campo arquitetônico.

O reboco dos tijolos era feito com uma mistura de cal e barro, muitas vezes misturado com quantidades de palha de arroz ou de trigo, para dar maior durabilidade e aderência. Havia, no entanto, dificuldade na aquisição do cal, por isso o reboco não era tão difundido no tempo das primeiras construções. As casas de alvenaria existentes nos Municípios da Quarta Colônia de Imigração Italiana e outros municípios circunvizinhos, como a Cidade de Jaguari, representam um dos mais importantes acervos arquitetônicos em alvenaria da imigração italiana no Brasil, mesclando diferentes estilos, técnicas e singularidade de construções. Esta antiga casa é uma prova viva e remanescente desta época de conquistas e desbravamentos.

As portas e janelas desta casa em especial, por serem ainda de madeira, revelam que a mesma situa-se numa fase de transição entre as primeiras casas construídas pelos primeiros imigrantes, já composta por uma fachada de reboco e construída com tijolos. Era uma casa de moradia, portanto, já definitiva . Somente mais tarde é que o vidro foi incorporado às construções, quando da chegada das influências do ecletismo nas construções das gerações de descendentes já nascidos no Brasil.

segunda-feira, 31 de outubro de 2022

A História do Antigo Hotel Glória da Cidade de Santa Maria


A História do Antigo Hotel Glória da Cidade de Santa Maria. Fachada do antigo Hotel Glória, prédio histórico do início do século XX, construído no centro da Cidade de Santa Maria, Estado do Rio Grande do Sul, no Brasil. Localizado na Avenida Rio Branco, esquina com a Rua Silva Jardim, foi um importante hotel da rede hoteleira da Cidade no início do Século XX, em razão de sua proximidade com a Estação Férrea da Cidade, localizado a apenas quatro quadras da mesma.

O palacete foi construído , originalmente, para ser a residência da família de Julio Marques da Costa, tendo sido alugado e mais tarde adquirido pelo empreendimento comercial. A data original da construção do palacete consta do ano de 1920. O hotel iniciou as suas atividades com 80 quartos, com projeto de expansão para um total de 150 quartos. No final do vídeo existem os anúncios de abertura da atividade do Hotel na imprensa da época.

Os sócios majoritários e proprietários originais do Hotel Glória eram Domingos Martins e sua esposa Maria Scangarelli Martins, antigos sócios do Hotel Kroeff e do Hotel Central. O Hotel iniciou as suas atividades na Cidade no ano de 1930. A construção é mais um típico exemplar do estilo eclético do início do século XX, com suas balaústras e sacadas características, os ornamentos de decoração , os medalhões e figuras em relevo tão presentes e característicos nas construções desta época e estilo. Na década de 1950, o hotel foi adquirido por Leo Muller, tendo encerrado as suas atividades no ano de 2007. O prédio foi então adquirido pela Unifra, atual UFN - Universidade Franciscana, que reformulou toda a sua estrutura interna, mantendo a fachada original do antigo hotel.