segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

Visitando o Antigo Prédio e o Museu da Brigada Militar em Porto Alegre


Visitando o Antigo Prédio e o Museu da Brigada Militar em Porto Alegre. O atual prédio do Comando Geral da Brigada Militar do RS e seu Museu está localizado na Rua dos Andradas, Centro Histórico de Porto Alegre. É um projeto do Engenheiro Teophilo Borges de Barros e foi concluído em 13 de maio de 1929. Foi construído para substituir o antigo prédio de 1897 que existia no local e que já era a sede do comando da corporação. Uma foto deste antigo prédio encontra-se no final deste vídeo. As instalações compõem-se de duas estruturas distintas, uma onde está instalado o Museu da Brigada MIlitar, que possui uma fachada com características Art Nouveau em seu segundo piso, e outra ao lado desta, com a denominação QUARTEL GENERAL em sua fachada, onde está instalado o Comando Geral da Corporação, construída no estilo eclético.

A parte que abriga o Museu apresenta dois pavimentos, com duas portas estreitas e janelas no térreo. O piso superior têm pequenas sacadas redondas em alvenaria, e a abertura central mostra um balcão com gradil de ferro trabalhado, com ornamentação em motivos florais. Acima um grande florão rodeia um cisne em relevo, de asas abertas, sob duas grandes volutas em estilo manuelino. Existe ainda outro pavimento que destoa completamente do conjunto arquitetônico, construido posteriormente. O Patrono da Brigada Militar é o Coronel Affonso Emílio Massot, que foi instituído patrono em virtude de ter sido o comandante-geral que dedicou a maior parte de sua existência ao serviço do Estado e da Corporação e ter se destacado na revolução federalista do RS no posto de Capitão. Nasceu no Município de Pelotas, no RS, em outubro de 1865 e morreu em Porto Alegre no ano de 1925.

Oficialmente, a Brigada Militar considera como data de criação o dia 18 de novembro de 1837, quando tinha o nome de Força Policial. E mesmo esta data também é controversa. Em 1892 então, por ato assinado pelo então Secretário de Estado dos Negócios do Interior e à época Presidente do Estado do Rio Grande do Sul interinamente, Fernando Abbott, foi decretada oficialmente a criação da Brigada Militar. A corporação que foi criada durante a Guerra dos Farrapos teve ao longo do tempo diversas denominações, a saber: Força Policial (1837 e 1873), Corpo Policial (1841 e 1892),Guarda Cívica (1889 e junho de 1892), Brigada Policial (junho de 1892) e, finalmente, Brigada Militar (outubro de 1892).

O Museu da Brigada Militar foi transferido para a área do Quartel-General no ano de 2001, quando começaram as obras de reforma do antigo prédio da Linha de Tiro, que sofria uma infestação de cupins. As obras, neste ano de 2018, embora estejam na fase final de restauração, ainda não foram concluídas. O verdadeiro prédio do Museu da Brigada Militar não é este, mas sim o prédio da Linha de Tiro, que foi inaugurada em 20 de novembro de 1910 e que era usado como local de treinamento para o manuseio de armas de fogo pela corporação. Uma foto deste prédio encontra-se ao final deste vídeo. O Museu da Brigada Militar foi idealizado em 1947 pelo então tenente Hélio Moro Mariante, para preservar a história e guardar a memória da Brigada Militar gaúcha. Em março de 1987 o Museu da Brigada foi oficialmente instalado no prédio da Linha de Tiro, localizado junto à Academia de Polícia Militar, no bairro Partenon, em Porto Alegre.

O acervo do Museu compões-se de importantes coleções de revistas e livros que retratam a história da Brigada Militar, além de uma variedade de objetos, mobiliários, peças de fardamento, medalhas e armas que resgatam a memória da corporação. Sua biblioteca possui entre outras raridades a coleção completa da Revista do Globo (1.100 edições do período entre 1929 e 1967) e documentos dos séculos XIX e XX.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2022

Em Busca das Ruínas da Antiga Estação Abandonada


Sede da Comunidade de Canabarro, interior do Distrito de Boca do Monte, no Município de Santa Maria, no Estado do Rio Grande do Sul, onde existiu a antiga estação de trens de Canabarro.
A localidade hoje conta com algumas poucas casas e nenhum comércio, tendo vivido os seus melhores dias quando ainda funcionava no local a antiga estação e uma antiga cooperativa de arroz, ambos os prédios, um destruído e outro em ruínas. Ao final do século XIX e metade do século XX, Canabarro era um local muito movimentado, que além da Estação Férrea e da produção da Cooperativa, era também também a estrada principal que ligava Santa Maria à Cidade vizinha de São Pedro do Sul.

Antes da construção da BR-287 que hoje faz a ligação asfáltica entre Santa Maria e São Pedro do Sul, todo o tráfego da região da fronteira do RS passava por Canabarro. No auge deste tempo, 28 ônibus diários de diferentes cidades passavam pelo local. Com a chegada da estação e dos trens, a comunidade nasceu e se desenvolveu em torno dela. Canabarro chegou a abrigar 24 casas de ferroviários e outras 28 casas de trabalhadores locais. Hoje pouco mais de uma dezena de casas ainda existem no lugar.

Toda a produção de arroz da região era processada e comercializada pela cooperativa do local, pois os trens eram usados como meio de transporte de carga e também de passageiros. Hoje apenas trens cargueiros cruzam pelo local, e a estrutura da ferrovia que ainda existe em Canabarro serve apenas como pátio de manobra de locomotivas. O local abrigava um grande bolicho de campanha (armazém) de propriedade de Dilceu Cassanego, onde eram vendidos produtos da região e de outras cidades como Santa Cruz do Sul, Candelária e Porto Alegre. As mercadorias chegavam pela ferrovia e eram desembarcadas na antiga estação ferroviária de Canabarro e revendidas no comércio local e regional.

Nesta estação passaram os lendários trens farroupilha, minuano e o pampeiro, cujas fotos encontram-se no final do vídeo. Os trens de passageiros pararam no ano de 1996. Hoje a antiga estação de Canabarro, como poderá se ver agora, já não existe mais. O nome da antiga estação de Canabarro se originou do nome do povoado, e corresponde a uma homenagem ao General David José Martins Canabarro, que viveu de 1793 a 1867 e foi um dos Líderes da Revolução Farroupilha, ocorrida no RS de 1835 a 1845. O prédio da antiga estação ferroviária foi construído em 1890 como uma estação da linha Porto Alegre-Uruguaiana, pertencente a empresa federal E. F. Porto Alegre-Uruguaiana, fundada no ano de 1883, mais tarde incorporada pela Auxiliare, VFGRS. e RFFSA.


segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

A Capela de São Pedro em Ribeirão e a História do Diácono João Luiz Pozz...


A Capela de São Pedro em Ribeirão e a História do Diácono João Luiz Pozzobon. Capela de São Pedro, na localidade e Distrito de Ribeirão, interior do Município de São João do Polêsine, região central do Estado do RS. O Conjunto arquitetônico apresenta-se construído em estilo eclético, com predominância de traços do estilo barroco. A Capela atual foi construída em 1917, tendo sido reformada e ampliada em 1955. A torre de sinos de alvenaria tem a sua construção datada de 1942. Antes dela existiram duas torres de madeira. A frase escrita em latim na fachada da Capela significa "Ao dedicado Príncipe dos Apóstolos", em alusão ao Apóstolo católico São Pedro.

Em 1909 consta a doação do terreno para a construção da Capela. Entre os seus construtores estão os sobrenomes Biazus, Rapcetini e Baldissera. Na construção da torre constam os nomes de Guido Carlos Pasini, que a desenhou, e dos pedreiros Vicente Vendrame, Albino Guarienti e Augusto Sppat. A Capela ou a Igreja eram os núcleos centrais das comunidades de imigrantes vindos da Itália. Os responsáveis por suas construções e administração eram denominados fabriqueiros. Geralmente eram pessoas de destaque e prestígio entre a comunidade.

Originalmente a localidade era conhecida por Ribeirão Aquiles, uma vez que as primeiras casas foram construídas próximas ao ribeirão de nome Aquiles, existente no local. A localidade também era conhecida, em seus primórdios, por Picada do Ribeirão. O núcleo de povoamento de Ribeirão foi fundado em 1880, recebendo imigrantes italianos que chegavam da Colônia de Silveira Martins. A primeira Capela da comunidade teria sido construída de madeira, provavelmente entre os anos de 1884 e 1888. Além das atividades religiosas, a Capela era utilizada também como escola da comunidade durante os dias de semana.

Inicialmente estas terras foram doadas às famílias Martins Pinto e Marques, e adquiridas pelas famílias Sertório Leite e Peixoto de Oliveira, que as venderam ao comerciante Manoel Py. Este nomeou seu procurador o imigrante Paulo Bortoluzzi (um dos fundadores de Vale Vêneto) para realizar a comercialização das terras em lotes entre os imigrantes interessados. As terras que abrigam a comunidade de Ribeirão, assim como todas as que hoje constituem o Município de São João do Polêsine, correspondiam a grandes extensões de terras devolutas que foram doadas pelo Império do Brasil a ex-combatentes da Guerra do Paraguai.

Na comunidade de Ribeirão nasceu o Diácono João Luiz Pozzobon, que recebeu do Vaticano, na cidade de Roma-Itália, o título de "Servo de Deus" no ano de 2009. No mesmo local corre, desde o ano de 1994, um processo de beatificação e santificação que visa a tornar João Luiz Pozzobon un Santo da Igreja Católica. Foi nesta Capela consagrada ao Apóstolo São Pedro que João Luiz Pozzobon recebeu o seu batismo, a crisma e também a sua primeira eucaristia, e onde casou-se com Teresa Turcato em 1928. Foi nesta mesma Capela que ele iniciou a campanha da Mãe Peregrina Três Vezes Admirável de Schoenstadt, no ano de 1950, atraindo admiradores e devotos por todo o mundo.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2022

A Arquitetura e a História da Escola Dinarte Ribeiro da Cidade de Caçapa...


Instalações do Instituto Estadual de Educação Dinarte Ribeiro, localizado no Centro Histórico da Cidade de Caçapava do Sul, região central do Estado do Rio Grande do Sul. A Escola oferece, no ano de 2020, ensino fundamental, ensino médio diurno e noturno, e diversos cursos profissionalizantes para mais de mil alunos matriculados, contando com uma equipe de, aproximadamente, 60 professores e 18 funcionários. De arquitetura eclética do início do século XX, destacam-se no hall da entrada do edifício duas colunas toscanas que sustentam um frontão triangular, onde aparece o nome da Escola em alto relevo, com destaque para uma grande porta de madeira, janelas com beirais e floreiras no piso superior.

A construção teve início no ano de 1934 e sua inauguração se deu em 20 de Setembro do ano de 1935, no governo do General José Antônio Flores da Cunha. Antes, a escola funcionava desde o ano de 1919 com a denominação de Grupo Escolar, e mais tarde, em 1921, com a denominação de Escola Elementar de Caçapava em outro prédio ainda existente no Município, cuja foto junto de outras da Escola estarão ao final deste vídeo. O projeto arquitetônico deste prédio, assim como o de outros prédios construídos pelo Estado nesta mesma época, seguiam projetos comuns que eram desenvolvidos no âmbito da Diretoria de Instrução Pública e da Diretoria de Obras Públicas do RS. Eles expressavam, por suas características de monumentalidade, localização e ornamentação, os ideais, o pensamento e o desejo do tipo de escola da sociedade e dos governos da época.

A Escola mudou sua denominação à partir do decreto Estadual 6.072 de 02 /10/1935, em homenagem a um personagem ilustre nascido na Cidade de Caçapava do Sul: Dinarte José Pereira Ribeiro. Dinarte Ribeiro nasceu em 1854 e foi filho de João Carlos Ribeiro e Maria Rodrigues Ribeiro, tendo sido casado com Bevenuta Seixas Ribeiro. A famíla Seixas representa os últimos descendentes de Dinarte Ribeiro que ainda vivem em Caçapava do Sul. Estes tipos de construção, no entanto, eram dispendiosos e de pouca funcionalidade para a finalidade educacional, e objeto de constantes disputas entre correntes que pensavam a forma de fazer da educação no período, tendo sido abandonados entre as décadas de 1930-40. Correspondem, no entanto, a importante patrimônio histórico-educativo da cultura material escolar do estado do Rio Grande do Sul.

Dinarte Ribeiro tinha convicções republicanas, e na vigência do Regime Imperial assumiu o cargo de Chefe da Estação Telegráfica em Caçapava do Sul. Ainda sob a vigência do regime, fundou junto de Antão de Faria o Clube Republicano na Cidade, onde pregava o fim do Império e a instalação da República. Por este ato de insubordinação ao Império recebeu ordem de transferência para a Cidade de Passo Fundo no ano de 1888. Dinarte Ribeiro tornou-se jornalista e oposicionista do Governo de Julio de Castilhos, escrevendo no Jornal "O Rio Grande". Em razão de sua posição política e a eclosão da Revolução Federalista em 1893, cuja violência instituiu o termo "colorada" na história do RS, ou seja, o degolamento em massa e a morte dos prisioneiros, Dinarte Ribeiro, após ter sido inicialmente preso, refugiou-se na República da Argentina.

Dinarte Ribeiro preferiu demitir-se de suas funções e não aceitar a sua transferência. Mais tarde, proclamada a república, de quem foi um dos grandes defensores e lutadores da causa, transferiu-se para a Cidade de Porto Alegre no ano de 1889, agora nomeado em razão de sua atuação política como o Diretor de Estatística do Estado do Rio Grande do Sul, cargo que ocupou por aproximadamente um ano. Em 1892 foi nomeado Diretor Geral da Instrução Pública do Estado do Rio Grande do Sul, cargo que hoje se equivaleria a Secretário da Educação do Estado. Suas convicções políticas , no entanto, alinhadas a nomes como Demétrio Ribeiro, Barros Cassal, Ramiro Barcellos, dentre outros, o levaram a romper com as idéias positivistas de Julio de Castilhos, então eleito Governador do Estado no ano de 1893. Bem mais tarde, Dinarte Ribeiro foi nomeado para o cargo de Secretário Geral do Arsenal de Guerra da Cidade de Porto Alegre, no ano de 1910, função esta que ele desempenhou até o ano de 1919, quando veio a falecer.